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Maarten Janssen, 2014-

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1820. Carta atribuída a António Maria Vidal, acusado de ser salteador, para Ana Joaquina, lavradora.

ResumoO autor, sob nome falso, ameaça Ana Joaquina pedindo-lhe dinheiro.
Autor(es) António Maria Vidal
Destinatário(s) Ana Joaquina            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Ourique, Almodôvar
Contexto

António Vidal foi descrito noutro processo judicial (Letra A, Maço 27, Número 2, Caixa 56) como sendo de estatura regular, cabelo castanho escuro, rosto comprido e olhos pardos. Assumia várias denominações (Neves, Vidal e Cigano eram três delas) e várias profissões, como as de sapateiro, barbeiro, curandeiro e cirurgião. Achava-se pronunciado em muitos e diferentes crimes, tais como salteador de estradas, sócio de ladrões, arrombador de cadeias e raptor de mulheres casadas (em várias terras): raptou a mulher e a filha de Vitorino José, da aldeia de Alvor, onde também roubou. Preso na cadeia de Vila Nova de Portimão, arrombou a grade da cadeia e fugiu; foi morar depois para a Aldeia da Trindade, do termo de Beja, e aí fez roubos e arrombamentos; furtou a seu sobrinho Fortes vinte moedas de um alforje que estava em cima de uma égua; aí mesmo amancebou-se com Ana Zorrega, recetadora de todos os seus furtos e que o acompanhava para toda a parte; furtou duas cargas de tabaco e duas clavinas a uns espanhóis e andou depois a vendê-las de monte em monte. Com uma quadrilha de salteadores atacou de noite o Monte de Rosa Gorda, onde Manuel Vaz Lampreia residia. Entraram pelo telhado da casa, maltrataram a mulher (o lavrador não estava em casa nessa noite), roubaram quatrocentas moedas em oiro e prata e muitas joias de valor. Passados oito dias foi achada uma clavina perto do monte junto a um ribeiro. Tanto a mulher como as criadas de Manuel Vaz Lampreia reconheceram a clavina, que fora utilizada pelo salteador mascarado que entrou na casa. A arma foi reconhecida como sendo do uso do réu, e ele foi preso, juntamente com um desertor de nome Nogueira acusado de ter sido recetador das peças de oiro roubadas pelo primeiro. Manuel Vaz Lampreia apresentou em Tribunal nove cartas, quatro delas com a assinatura do réu, para provar o envolvimento de António Maria Vidal nos acontecimentos. O autor do processo, Manuel Vaz Lampreia, considerou que as testemunhas tinham dado poucas informações e que o juiz de fora sempre se mostrara empenhado a favor do réu, pelo que calara muitos dos artigos do libelo e da réplica às testemunhas que inquirira. O processo acabou por ser declarado nulo e o principal réu absolvido.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas duas primeiras faces, e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 27, Número 2, Caixa 56, Caderno 1
Fólios 235[r]-236[v]
Transcrição Ana Rita Guilherme
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Rita Guilherme
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Illma Snra D Anna Joaquinna
[2]
trecero pe-ditorio q se pede ao espozo da Snra sobre o filho do Coronel da Cava ja defunto
[3]
Pede o Padrinho ao Snr Dezembargador Dor Joze Cardozo Comiçario em chefe do Exer-cito e Jumtamte aos Seus dois companheros q se emtreção pello mmo q he Joaqm Caitano dos Stos Quintellas e outro he Fernando Antonio da Silvera Brandão por ver a imnocen-cia dos trabalhos achandoce Juntamte
[4]
aballando elle em dia nove do mes qdo lhe emputão o del-lito desta Côrte com a qta de Outenta Muedas e hum Billete de trinta mil reis pois dizem-me q fora prezo pur sua ellustria e como se lhe tem pedido o perdão porq o não preciza mas querião Junto ao Comcelho pa ser Solto
[5]
pois q mto milhor lhe era ter feito o q se lhe tem pedido sendo aSignado pello Juis de Fora dessa Va ou por outro qualquer q seje
[6]
e estes tres Snrs estão pronptos obdecerem á Snra e pello Seo Coração mais piodozo
[7]
ainda q elle teve a perda q teve nada he com a Snra
[8]
qm a de pagar a perda a de ser esse Jacobino do orive q armou pella denuncia q quizerão dar delle atrazadamte por cortar a Sarrilha á Mo-éda do Real
[9]
Snr este perdão seje dado com tempo q não chegue a voto de cer cumpri em comcelho por qm fica mal he a Snra podendo ficar bem
[10]
e tãobem sendo precizo algum empenho pa qualquer couza q seje
[11]
não tem mais q pro-guntar em q bairo mora
[12]
a qm se lhe oferece e qm lhe tem escripto não he da mma Caza pois agora he q lhe mandi escrever
[13]
como me dizião q não era precizo eu escrever porq ja lhe tinha escripto e a decizão q avia estar nos atos agora escrevo ao chefe e me rrespondeo q não pode ser solto sem paçar pellas armas de hum comcelho de Guerra publicandoce o perdão q esta pa se publicar
[14]
tem q lhe dar todos os dias o q sua Magestade Mandar e a qta q eu lhe pedir de cada hum dia q o Suplicante tem estado prezo não tendo dado o perdão
[15]
e tendo dado ja não tem nimguem q dizer nem lei q u oubrigue e qdo mais sedo Milhor.
[16]
Lisboa 15 de Janro deste Seo Vor Joaqm Caitano dos Stos

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