Visualización por frase [1824]. Carta de Cândido de Almeida Sandoval, publicista, dirigida a um juiz não identificado. Autor(es)
Cândido de Almeida Sandoval
Destinatario(s)
Anónimo12
Resumen
O autor protesta em relação às injustiças de que é vítima e pede que o destinatário, provavelmente o juiz do seu caso, decida aplicar-lhe um indulto de Sua Majestade de que outros já beneficiaram.
Texto: Transcripción Edición Normalización - Colores
[2]
Se as prisões são destinadas pa corregir os vicios e castigar os cri
mes , eu decerto não deveria permanecer em ferros , por mais tempo
do que o percizo necessario pa a instrucção judicial da cauza que se me formou .
[3]
Porem Illmo Sr não succedeo assim sendo eu preso em consequencia de
uma perfida denuncia dada contra mim pelo mais infame de todos os
delatores falsarios , q projectarão fundar sua
felicidade sóbre minha ruina e tratou de perder-me .
[4]
Fui interrogado , e respondendo
com a verdade q sempre me caracterisou em todas as accões de
minha vida politica , a mesma verdade triumfando do mau
e implacavel inimigo , obrigar conduzio o Ministro que me interrogou a mu
dar de opinião
[5]
qto as enórmes accusações que sobre mim passao
se resumem e declaram no processo , as seguintes expressões que textualmte
transcrevo de novo : « O proguntado ( Sandoval ) , dis dis Menistro : não se prova q haja conspirado
contra o Estado etc
[6]
veja-se a conclusão das porguntas , e minhas respostas nos
autos .
[7]
Formou-se-me cauzas ; produzio deffeza ; e não obstante se
rem tão cláras como os raios do sol , as próvas , que appresen
tei , inda hoje me acho preso ;
[8]
meu filho igualmte em ferros , e mi
nha infelis Mulher , participando de nossa miseria comum .
[9]
Recordareis aqui os serviços que n'outro tempo era de a Patria
a á cauza da Realeza , pelos escritos que então publiquei ;
[10]
reunir o mayor numero de provas ; o poder com estas , anular e
destruir todas as calumniosas imputações , que meu implacavel de
tractor a mim fas , em sua monstruosa denuncia .
[11]
acusou-me
aquelle malvado de tramar contra o Estado ;
[12]
exigi provas , exigi
testemunhas , de umas e de outras
[14]
Acusame
o vil dennunciante de ser eu o author do manuscrito
que elle appreséntou ;
[15]
exigi próvas ou testemunhas
[16]
nem só uma
d'estas elle produzio .
[17]
Reppresenta-me o dennunciante em juizo ,
como homem que buscava reunir conçocios pa meus fins parti
culares :
[18]
dennuncia algumas outras pessoas q forão igualmte pre
zas ; mas resulta da mais instrucção o intimo
convencimto da falsidade do accusador ,
[19]
os accuzados forão declarados
innucentes e porttanto imediatamte postos em liberdade .
[20]
Illmo Sr não seria injusto q depois de um cas
tigo , que insulta a Lei , por isso que faltão todas as circunstan
cias por elle presentes ; nenhuns indicios , testemunha , nem uma eu sof
fresse uma prisão mais prolongada , havendo dado antereormte tantas
e tão reppetidas próvas de Patriotismo , e adhesão ao Soberano q
nos Rége ?
[21]
Assim Illmo Senhor , minha sorte achando-se pendente
das rectas decisões de VaSa espero que VaSa se servirá tomando em conside
ração , não só qto deixo esposto , como tãobem as Regias e
benignas intenções do Monarca , q por sua incomparavel cle
mencia se dignou perdoar a alguns Réos cujos cri
mes politicos erão tanto mais aggravantes , por isso que se a
chavão provados :
[22]
pois dis o Aviso junto : " Foi S M ser
vido resolver , que , os Réos que além de suas opiniões politi
cas pronomciarão comicios contra a Familia Real lhes possa
appresentar o Indulto concedido pelo Decreto 77.º
[23]
Meu atroz
denunciante , verdade é , não me acusou , de haver pronunciado esses
comicios ; mas sim de havellos escrito , o que é o mesmo no es
pirito da Lei :
[24]
mas ao contrario provada q seja a falcidade da denuncia e
por consequencia reconhecido
o dólo e malicia do denunciante ; não deverião gozar
, do mesmo Indulto de que gozaria se culpado .
[25]
Entrego a Judiciosa decisão de VaSa estas
naturezas consequencias que , a razão demonstra e equi
dade ( qualidade das Almas rectas ) indica em favor dos desgra
çados ;
[26]
bem persuadido q VaSa se dignará indagar es
crupolosamte minha cauza pa me permittir gozar dos Regi
os beneficios que nosso Augusto Monarca concede a esta Na
ção de Portugueses , que S M ordena sejão postos em liberdade rendidos
a si mesmos , e a seus deveres .
[27]
Portanto , se esses crimes politicos de q sou accusado se me
houvessem provado , ja estaria perdoado pelo Indulto de S M
e seria posso em liberdade ;
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