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Maarten Janssen, 2014-

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1805. Carta de Manuel Pereira Graça, médico, para Bernardo de Vasconcelos.

Autor(es) Manuel Pereira da Graça      
Destinatário(s) Bernardo de Vasconcelos      
In English

Request letter from Manuel Pereira Graça, a physician, to Bernardo de Vasconcelos, a member of the Inquisition.

The author complaints about a judge who mistreated his case and wants the addressee to intercede for him. He explains that he has too many enemies and fears an inquisitorial persecution.

Manuel Pereira da Graça was a physician who had studied Medicine in the University of Coimbra after having traveled in France. He was prosecuted for heresy. Although he recognized that he spoke frequently against the Church, he explained his reasoning to the Inquisition: he thought that there were too many priests, that they often abused young girls in confession and that miracles were hard to prove. But he only wanted to try the soundness of the priests’ arguments, that was all. He received a light sentence.

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Texto: -


[1]
Bernardo de Vasconcellos
[2]
Como me acho prezo com homenagem para não poder sahir da comarca d' Aveiro, vou por este meio pór nas mãos de vsa, a fim de que vsa se digne representa-lo ao Tribunal do Santo officio o seguinte acontecimento
[3]
Foi-me necessário ir pessoalment requerer aoaudiençia de Serem na comarca d' Aveiro no dia 16 do corrente mez, e como o juiz me não qui-zesse tomar os meus testos, nem acceitar o aggravo, que por isso delle dara, ouverão rezões de ua e outra parte de sorte que elle me autuou, e deixou prezo na mesma cadeia, aonde estavamos;
[4]
requeri-lhe a ma homenagem, a qual elle não so me senegou, mas passou a fazer as maeores vexações de sorte que me foi necessario recorrer ao corregedor, o qual lo-go me concedeu homenagem em toda a comarca.
[5]
No pouco tempo que esteve prezo na da cadea mostrei sempre alegria e tanto que cogigitava de enterter e divertir com ditos as muitas pessoas que me- vizitavao pedindo esmola a quem passava, fazendo que pendurava o cesto pa as esmolas, ja dizendo avia fazer e vender do halcaser
[6]
mas entre estas e outras couzas tive a indescrição de tirar da de cavalleiro da ordem de N Sr Jezus Christo e pola da pte de dentro da janella
[7]
e lembra-me que disse que visto estar o dono prezo e ella não lhe grangeia homenagem a ttirasse como elle ,
[8]
e queria pendurar tãobem ali o capelo e a esmola,
[9]
porem tudo isto era dito e feito com tanto rizo e sem animo nem intenção de injuria, desprezo ou offença
[10]
que as relegiozas do convento da mesma villa, alguns eccleziasticos e seculares, que estavao de vizita, se se escandalizam
[11]
porem como tenho mtos inemegos que consertados com o tal juiz tem pertendido por todas formas vingar-se de mim, e o protestão fazer, podem desfigurar o facto, e culpar-me peraante o santo Tribunal da Inquizicao, recorro ao mesmo sto Tribunal supplicando humildemente perdão da indiscricao e inadevertencia, que tive, que confesso não ouve amimo de insultar a sagrada integreza, nem adevertencia que ouvesse escandalo.
[12]
que o sto tribunal por sua piedade me - faça saber se tenho maes algua couza a dizer sobre este objecto para eu promptamente obedecer
[13]
A vsa em particular supplico me, e que desculpe o não ir pessoalmente pela rezão da homenagem, que limita so aquela comarca.
[14]
e por caridade rogo a vsa se estando dezembaracado necessito ir a prezenca de vsa ou da meza
[15]
Sou De vsa attento cro e humilde C Manoel Pereira da Graça Macenhata de Vouga 22 de Agosto de 1805

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