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1723. Carta de Tomé da Mota Barreto, padre, para a Inquisição de Coimbra.
Autor(es)
Tomé da Mota Barreto
Destinatário(s)
Inquisição de Coimbra
Resumo
O pede a sua libertação, dizendo-se inocente dos crimes de que é acusado.
Texto: -
[2]
Aos pêz de V
Illmas o Pe
Thome da Mo
tta Barretto, natural da Cide de
Braga, e prezo ho tem
po de dôus annos, sem haver commetido Culpa algũa
mais q tão somte por
assim ser vontade de seu Prelado:
[3]
q sendo padecido
mtas morteficações sem lhe darem
Livramto Como ja o
suppte a V
Illmas Reprezentou:
aggravou o
suppte
pa a Coroa de S
Magde donde, mostran
dose o
suppte sem a mais Leve culpa foy mandado
q fosse solto
[4]
E aliviado de toda a culpa, e pena:
e por se
não dar Comprimto as Cartas
rogatorias q da Rella
ção do Porto se passarão
a favor do suppte se deu conta
a
S
Magde o qual por duas cartas suas mandou
q o ouvidor da
Cidade, notefiçasse ao Vigario geral
dessa, para
q dentro de vinte dias peremptorios
apare
cesse no seu Dezo do Passo a dar a Razão;
por q não
comprio as suas ordens:
[5]
E
Como não foy, como era man
dado. Estâ para se tomar no Dezo do
Passo, neste
nego o assunto, e ultima resolucão
q for justiça:
[6]
e Como
tambem vio o
ditto vigario geral q o
suppte tinha
mta
justiça, e razão, e
q não queria ceder o
suppte do seu
Dirto
para mais ser o
suppte vexado e opprimido
injustamte
e çeder do seu intentto
mandou de poder absoluto para
a enxovia onde Estâ ha 4 mezes, sem o
suppte haver
dado cauza para se
lhe estreytar a prizão.
[7]
E Sucedendo isto assim aos 26 do mez de outubro
do
anno proximo passado; estando o suppte
hũa tarde rezando
o offiçio Divino. Chegarão ao
do Aljube. o Meyrinho geral
Faustino
Ribro; e o Agente da Mitra Manoel
Pra
e o Aljubeyro
Anto da Costa,
pa Lançarem o
suppte a enxovia
sem haver cauza
pa semelhante eXcesso
[8]
e
perguntando
lhe o suppte pella ordem,
responderão q lha não querião mos
trar;
[9]
chegarão Logo no
suppte â força e o arrastarão
pello
cham Com Breviario nas mãos:
[10]
e vendose o
suppte
tão vexado Começou a cclamar
a voX de El Rey, para
onde tinha recorrido, e pello sancto. officio,
q lhe Valesse,
q
o querião fazer arrenegar,
[11]
est do demonio, sendo
o
suppte hum sacerdote
mto Catholico, E
mto amigo de
Deos,
q protesta morrer, e viver na sancta fe
catholica
de Nosso Sor JESUS
Christo, a qm offerece todos
os seus
trabalhos, e morteficacoes, pellos q por nôs
padeceo
na arvore da Vera Crux;
[12]
Este na verde
o cazo
de q são
testas o
Pe christovão de Mages e o
Pe
Anto
da Trinde
e Franco jacome do Lago.
[13]
Estão na
da prizão dous clerigos sentenciados
pa a India por Crimes facinorozos E
mto mal inclina
dos
Einimos Capitâes do
supte pellos não deixar fugir
da
da prizão chamados o
Pe Jozeph da Costa , e o
Pe Viçen
te do Púga os
quais escreverão contra o suppte ao
rdo
Abbe de S João do
souto da da
Cide e commissa
rio do
sto officio dizendolhe
falçamte
q o suppte
arrene
gara dando por Testemunhas a hum Antonio sarmento
secular, e o
Pe
Franco Lopes tambem
einimos
do
suppte
[14]
e informandose o do
Rdo
Abbe da verdade achou
q era falço, o q
elles dizião, Como he: pois o suppte he
Theologo q tem defendido em publico as
mayores
materias da nossa sancta fê Catholica;
[15]
Etsi aliquid
contra idem dicesse, o
q não disse
[16]
não estaria o
suppte
Em seu juizo perfeito, do
q tudo, q
houvesse se desdiz.
pois ha de ricorrer o
suppte pella fê de JESUS christo.
[17]
o
Fim destes inimos dizem, q era para
se vingarem
do suppte, pellos não deixar
fugir do Carcere onde estão
Como Tambem do do vigario geral e
pellos haver sen
tençiados para a India.
[18]
Em como por esta via não pegou
Esta falça queixa
destes inimos Tem o
suppte por notiçia,
q o do
Pe Joze
ph da Costa escrevera a este Sancto Tribunal
porq
assim
teô anda publicando como
inimo do suppte
[19]
e assim fâz o
suppte
o mesmo dizendolhe a pura
verdade e advertindolhe o ani
mo odiozo destes
inimos
q devem ser castigados, por
andarem com
semelhantes couzas de tanto Credito, sendo
o
suppte
mto christão velho pella graça de Deos.
[20]
E
quando o suppte por acclamar pello sancto officio
q lhe valesse querião fazer desesperar,
Commettesse
algûa culpa, o q não lhe parece:
[21]
pede o suppte de joelhos pros
trado a
V
Illmas de tudo o perdão e da mesma sorte
a
Deos
q
gde a V
Illmas e augmente a conservação de tãp
sancto, e pio
Tribunal por infinitos seculos.
[22]
Da enxovia do
Aljube de Braga
7 de janro de 1723 as.
[23]
Aos pez de V
Illmas
Seu mais humilde criado, e menor
Cappam
Thome da Motta Barretto
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