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1819. Carta de José Gonçalves Castelhano, foreiro, para António Vidal Ferreira Pinto, padre.

ResumoO autor pede ao destinatário que se desloque quanto antes a sua casa para dar os últimos sacramentos à mulher.
Autor(es) José Gonçalves Castelhano
Destinatário(s) António Vidal Ferreira Pinto            
De Brasil, Maranhão, Cururupú
Para Brasil, Maranhão, Cururupú
Contexto

O capelão de Cururupú, o Reverendo António Vidal Ferreira Pinto, foi denunciado em 1813 por um lavrador inimigo, José Gonçalves Castelhano, enquanto culpado de uma série de crimes. O réu foi acusado de viver "escandalosamente amancebado durante mais de nove anos com Faustina Teresa, mulher casada com o alferes António dos Reis", e ainda "concubinado de portas adentro com a preta forra Maria Benedita." Disse-se ainda que era "muito remisso na administração dos sacramentos, como aconteceu com um homem branco, filho de Portugal, e com uma escrava chamada Iria do Padre António Alves Domingues", e também "um refinado negociante." Dava "conto e asilo a homens facinorosos e degredados, como um João Alves, homem de tão péssimo caráter que tem chegado a forçar algumas mulheres, dado pancadas" e era "costumado a apanhar cartas alheias para as abrir e ler e, por este meio, descobrir os segredos das famílias e dos particulares." Fazia "um notório e sórdido monopólio dos mesmos sacramentos, não batizando senão por mil e seiscentos réis, quando a esmola que recebe o pároco não excede a quatrocentos réis, e não assistindo ao sacramento do matrimónio sem que lhe deem três mil e duzentos réis." O autor do processo, no entanto, acusou também o dito padre de um crime mais banal. A 25 de setembro de 1812, o padre teria cometido contra si um "rigoroso furto": o roubo de um boi de carro, mandando-o matar "por dois dos seus agregados, com o pretexto de que tinha ido à sua roça", fazendo com que se enterrasse o coiro e a cabeça do animal "para que se não descobrisse o malefício" e conduzindo a carne para sua casa. Ao fim de um processo criminal que durou 6 anos, o capelão acabou absolvido.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 3, Número 17, Caixa 11
Fólios 323r-v
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
mto Rdo Snr Pe Anto Vidal
[2]
Meu amo e sor não dezejava dar-lhe tamanho emcomodo por ver na figura em q vmce esta, porem como se ofreçe e não sei
[3]
, a ma dona da caza amanheçeo hoje mto emposebilitada e pede quer ser porvida dos provimentos da igreja,
[4]
e juntamte favor
[5]
i ella não pode estar mto tempo em gejum
[6]
quera vir e faça o favor vir hoje pornoitar pa esta madrugada q assim hovilla de comfiçam e sacramentalla
[7]
e comsertemos como ha de ser se vmce pode ir de cavallo senão quero mandar negros pa vir Vir de Rede pois o meu dezejo he tella prompta pa o q Ds N Sr for servido
[8]
e com a sua reposta saberei o q hei de detreminar etc.
[9]
Dezejarei q ja tenha algumas milhoras na sua molestia a qual lhe dezejo como qm he
[10]
de vmce amo obro e menor Cr Joze Glz Castilhano

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