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1812. Carta de Miguel Arcângelo de Carvalho, vereador, para António Vidal Ferreira Pinto, padre.

ResumoO autor recebe uma carta que o alegra enviando-a ao padre.
Autor(es) Miguel Arcângelo de Carvalho
Destinatário(s) António Vidal Ferreira Pinto            
De Brasil, Maranhão, Santa Clara
Para Brasil, Maranhão
Contexto

O capelão de Cururupú, o Reverendo António Vidal Ferreira Pinto, foi denunciado em 1813 por um lavrador inimigo, José Gonçalves Castelhano, enquanto culpado de uma série de crimes. O réu foi acusado de viver "escandalosamente amancebado durante mais de nove anos com Faustina Teresa, mulher casada com o alferes António dos Reis", e ainda "concubinado de portas adentro com a preta forra Maria Benedita." Disse-se ainda que era "muito remisso na administração dos sacramentos, como aconteceu com um homem branco, filho de Portugal, e com uma escrava chamada Iria do Padre António Alves Domingues", e também "um refinado negociante." Dava "conto e asilo a homens facinorosos e degredados, como um João Alves, homem de tão péssimo caráter que tem chegado a forçar algumas mulheres, dado pancadas" e era "costumado a apanhar cartas alheias para as abrir e ler e, por este meio, descobrir os segredos das famílias e dos particulares." Fazia "um notório e sórdido monopólio dos mesmos sacramentos, não batizando senão por mil e seiscentos réis, quando a esmola que recebe o pároco não excede a quatrocentos réis, e não assistindo ao sacramento do matrimónio sem que lhe deem três mil e duzentos réis." O autor do processo, no entanto, acusou também o dito padre de um crime mais banal. A 25 de setembro de 1812, o padre teria cometido contra si um "rigoroso furto": o roubo de um boi de carro, mandando-o matar "por dois dos seus agregados, com o pretexto de que tinha ido à sua roça", fazendo com que se enterrasse o coiro e a cabeça do animal "para que se não descobrisse o malefício" e conduzindo a carne para sua casa. Ao fim de um processo criminal que durou 6 anos, o capelão acabou absolvido.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 3, Número 17, Caixa 11
Fólios 333r
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Rdo Senhor Anto Vidal Ferra Po Sta Clara 27 de 7bro de 1812
[2]
Amo da ma Alma hontem, q se contarão 26 chegou a este porto o Barco do Amo Branco, no qual Veio huma Carta, q meo Padrinho me manda
[3]
e emcluza Veio huma feita, ao nosso Amo Castilhano q elle me Remeteo abêrta, pa q Eu Vise o q nella dezia;
[4]
meo Amo qdo abri a mimoza Carta e q Vi o seo Conteudo; não quis Jantar de Contentamto e aligria
[5]
e o despois q pasou hum bocado de tenpo deome aligria tempo:
[6]
bibilhe, huma boa gota, as saudes do meos Vêlhôz.
[7]
emfim Amo fiquei Suspenso de gostos q não sei Explicar
[8]
A propria Carta lhe remeto abêrta pa Vm Ver
[9]
e despois de lida ajustara Com obreia,
[10]
emtregara ao portador pa hir Levar ao soberbão,
[11]
e pa q elle conhesa que ficarão, prostrados os seos tinbres.
[12]
Amo do meo Corassão, Eu de gosto nem Sei Expresarme,
[13]
lhe digo q nós Levemos a palma e elles q Vão ...
[14]
Ds lhe de Saude em Compa de tudo o qto lhe Pertense pois dezeja qm e Sira Sempre
[15]
De Vm Amo firme e Vor Miguel Archanglo de Carvo
[16]
PS Se lhe parecer, Copeia q não Sera Mâo

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