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1644. Carta de Pedro Tomás, frei, para João Rodrigues de Campos, padre.
Autor(es)
Pedro Tomás
Destinatário(s)
João Rodrigues de Campos
Resumo
O autor dirige-se ao destinatário dando-lhe notícias suas e instruções sobre o que fazer para convencer o rei a fundar um convento.
Texto: -
[2]
Louvado seja o santisso sacramto ett.
[3]
Quando tive a de vm en aveiro con os papeis q me pede e con
esta lhe mando adoeci logo de mdo q inda q tivera por-
tador (que se nã offereceu) mal pudera responderlhe.
[4]
Por
orasonis de almas servas do sor entendo q me livrou sua divina
mgde de huas sesons que me enfadarã asás.
[5]
forãse e
quis o sor que ficasse de maneira q andando em pée con-
valescendo me paresia estar tam doente como na cama.
[6]
Vin
me a esta cidade e a poucos dias recai a tornandome
as sesons todos os dias sendo as primeiras de hũ dia
e outro nã.
[7]
isto me empediu nã buscar por quem
escrever a vm.
[8]
ja gloria a ds convalesço inda q fraco.
[9]
Tomara eu saber sentir as fraquezas do spro como
sinto as do corpo.
[10]
Terei grande consolaçam se tiver nesta cidade via per q
nos escrevamos
[11]
veja vm se o podera ser. a de
Anto vas de castello brco que tem aqui hua cunhada
freira irman do secro Po vieira da silva. a quen
conheso e me avisara quando tenha portadores
[12]
e se algũa outra for melhor, mais frequente ou mais
serta vm me avise.
[13]
Animo tinha e tenho de se passar pa Lxa ir ver
a vm e a nossa charissa irman lusia de jhs.
[14]
até
gora se nã ordenou a ida nen sei se se ordenara.
[15]
aqui esperamos mto sedo a n p pal q he o pe
fr sebastiam q era prior de Lxa q venme preguntar
q avemos de ter aqui hua junta de governo da provincia
en q eu tambem sou figura.
[16]
ella acabada saberei
o q elle ordena de min.
[17]
e se me deixa aqui (o q eu
por hora desejo) determino pedirlhe Lxa pa ir ver
a vm e consolarme con ver n irman.
[18]
a elle lhe
escreverei neste correo q venha por essa cidade
e se inda estiver en Lxa cuido que vira sen duvida
[19]
e se vm tiver algũas con elle as comunique q
se lhe mas comunicara.
[20]
e no q toca a ida de Lxa
dessa serva do sor de q logo falarei não se resolva
con o q elle lhe dicer porq inda q he mto douto e mto servico
de ds
[21]
he muto bom e a mta bondade o fas resolver facilmte
en cousas q talves pedem vagaroza concideraçam.
[22]
Vi os papeis e tudo o q sor dis a Luzia acerca de ir
agenciar a fundacam desse convento.
[23]
e inda q tudo
me parece movimto de ds q por fins seus a quer mover
eu me resolvo que não conven ir a Lxa per nenhũu modo
ate q o sor por algum seu mdo extraordinario a nã
leve fasendo nisso a ella e a nos hũa divina
violencia a q avemos de resistir todos. e não avemos
de poder resistirlhe.
[24]
as rasõis q me fasem tomar
esta resolucam são as seguintes. q todas sojeitarei
a quen com mais lus de ds tiver outras melhores.
[25]
porem por hora caminharemos con ellas por caminho
mto seguro.
[26]
e a ds n sor liberdade divina lhe
fica pa faser della e de nossos entendimtos e vontades
de nos todos tudo o q quiser e como for servido.
[27]
O maior fruto q se me offrece se podia tirar desta ida
a corte de Luzia he a confuzam dos grandes do mundo
vendo a quem ds busca pa comunicarlhe seus segredos
e faser favores. deixandoos a elles. de mta gloria
de ds fora este effeito
[28]
porem quisa não fora em
mtos senão en alguns bons e estes são poucos.
[29]
A pessoa real quisa não movera mto nen con
ella se conseguira a obra do convento segundo seu
natural e exercicios. salvo ds n sor puser todo
o cabedal de sua pte
[30]
e se o quer fazer asim
escusada he a presenca de Luzia
[31]
A Rainha n sra he pessoa pia e devota mas
por outra via. não duvido se lhe affeicoara.
[32]
mas
se ouvira verdades quisa não lhe fazerão bon esta
mago que a corte mais estima virtudes q se
acomodam con ella. q as q se acomodam só con ds
[33]
Ao diabo con a sua ida se lhe abria grande porta
pa maranhas suas de q poderiã nascer trabalhos
q averiã mister mtas forças pa elles.
[34]
grandes
tempestades levantara e maiores estando na
inqsicam as couzas q vm sabe sen se tomar
ate gora resolucam algũa e avendo tam pouca
gente neste reino que saiba daquella theologia
porq só as letras nã chegam laa.
[35]
antes se não
ouver nellas piedade tudo sera tomar duvidas
sem outra couza.
[36]
en isto spero eu mto do sor dara
luz pa ser conhesido nas couzas de luzia inda
que o diabo fassa das suas.
[37]
Dirmeha vm se ds n sor não he servido que
a irman vá a el rei como a aperta tanto e
a reprehende tanto?
[38]
Respondo gosta ds de ver
padeser essa alma e namorasse de ver sua resigna-
çam no q lhe manda e logo ver a que tem a quem
a governa. ambas encontradas e a meu ver
he hua + en q a crucifica amorosamte
[39]
e destas
duas obediencias a fabrica de q tira ds n sor mta
gloria e mto gosto de a ver padeser.
[40]
Se ds n sor quisera efficaxmte q ella fora ordenara
a ida con effeito inda q todos a estrovaramos e
repugnaramos despondo de maneira q se conseguira
e não a deixara a traças nossas a mover com rasõis
seu pai etta.
[41]
se ds quisera movera ao pai
e a vm lho revelara con tanta efficacia q não
pudera al fazer
[42]
e inda neste cazo fora bem
deter porq inda q ds n sor he a mesma
verdade divina e não pode aver engano no q asim
ordena gosta de ver as almas prudentes e que
conhecam o mundo en q estam. q o não conheseu
a elle q o aborreseu e perseguiu. pa q como
serpentes prudentes se ajam con elle inda q candidas
e simpleces como pombas.
[43]
Sei q ds n sor quando quis tomar alguns servos seus por
instromentos de suas obras q nã se ajudou de meas
prudenceas humanas
[44]
a sto Anto trouxe a livrar
seu pai
[45]
estando pgando veo a Lxa.
[46]
dentro de nossa
relegian temos mtos exemplos modernos.
[47]
se ds quer tomar a Luzia por instromento desta obra
sua pa con o rei ja q nã queira mover o coraçam
delle q ten en suas mãos. ja q o não queira illustrar
pellos seus anjos da guarda da pessoa e do offo.
[48]
Leve a Luzia como elle sabe levar seus servos aparessa
a el rei digalhe o q ds lhe mandar diser e desaparessa
con ella q asim tera bon effeito.
[49]
e se não quer
por modo tam extraordinario mova a vm e a seu
pai eficaxmte e inda nos de lus en nosso entendimto
aos q desejamos aserto nas cozas do spo de
Luzia pa q entendamos o quer elle qua pellos
meos prudenciais humanos.
[50]
Alfim sou de pareser q vm diga a essa serva de ds
q por mais q ds a reprenda porq não vai q
lhe diga sor se quereis poderozo sois levaime
vos q os q tendes en vosso lugar e quereis q lhe
obedeça não querem
[51]
faseios vos querer como
podeis e sabeis.
[52]
entan usai de min como fordes servido
[53]
dame o portador pressa e a saude inda nã he mta
[54]
espero eu o sor q ordenara q nos vejamos sedo
e trataremos estas couzas mais devagar
[55]
vm me encomende ao sor e mande a irman o
fassa com mto cuidado. e particularmte hun negocio
de hua couza minha de q depende a consolaçam
de alguas almas e quietaçam
[56]
o pe fr migel de s jeronimo não esta no hospicio
senão no convento
[57]
o pe ldo de theologia
fr migel do spo sto estimou mto ser lembrado
de vm e se lhe offrece mto.
[58]
nosso sor gde a vm e illustre
nossas almas e as abraze em seu amor ett.
[60]
humilde servo de vm
fr pedro thomas
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