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Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

1709. Carta de frei João de Deus, religioso, para dona Pudenciana de Belém, religiosa.

ResumoO autor compõe uns versos em que se declara devoto da destinatária; assina como numa carta.
Autor(es) João de Deus
Destinatário(s) Pudenciana de Belém            
De S.l.
Para Portugal, Porto
Contexto

No processo inquisitorial de madre soror Ana da Encarnação, encontram-se duas cartas e vários versos, resultantes da correspondência mantida por frei João de Deus (TSO, IC, proc. 7825), religioso capucho da Província de Santo António do Curral, com várias freiras de quem era confessor e diretor espiritual. Este conjunto de papéis chegou ao conhecimento dos inquisidores pela denúncia feita por Ana da Encarnação a 20 de agosto de 1721, que também entregou provas que o inculpavam. A freira professava no convento de Santa Clara da cidade do Porto e teria sido induzida pelo religioso a abandonar uma série de preceitos com a justificação de que seria santa. Ambos teriam também cometido vários "atos torpes" e o mesmo sucedeu com outra freira do mesmo convento, a madre Maria da Piedade. À vista dos factos, comprovou-se que os envolvidos incorriam nos crimes de solicitação, molinismo e heresia.

Estes versos foram feitos por frei João de Deus no mesmo suporte de uma carta que recebera de freira Dona Pudenciana de Belém, sua musa (código: PSCR1664).

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita no rosto do primeiro fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 5215
Fólios 28r
Transcrição Rita Marquilhas
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Leitão
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2015

Texto: -


[1]
vós fostes primoroza por serdes pudencianna, Más q mto q assim fosseis, se sois Freira de sta Anna.
[2]
sta Anna May de Maria
[3]
sem duvida inspirou em vós, que vos lembrasseis de mim, homẽ, que todo sou voz.
[4]
sou voz sem ser do Baptista, que pregava penitencia, pois Eu clamo, dizendo: he em Deos mta clemencia.
[5]
clemencia de q Deos uza com o q se arrepende, requerendo, q vigie porq sempre se ẽmende.
[6]
ẽmendarse, e arrepenserse he conceber contrição, consequencia de salvarse, se se seguir confissão.
[7]
quero ser vosso Devoto, pois q vós quereis ser minha, creyo, q faremos ambos sempre mui boa farinha.
[8]
A farinha significa o Pão do gran sacramto, q requer entre nós ambos hum grande arrependimto.
[9]
Requer arrependimto, sem o qual he impossivel receber em recebelo da graça accresentamto.
[10]
Accresentai minha Filha cada dia momento à oração, e fazei deste peccador memento.
[11]
Servo Amante da sra Pudencianna Frei João de Deos

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