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Maarten Janssen, 2014-

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1830. Carta de Maria José dos Anjos da Guarda e Silva para José Nicolau Teixeira de Aguiar Cresuel, caixeiro.

ResumoA autora queixa-se ao amante, preso, dos maus tratos do pai e da perda do filho que esperava.
Autor(es) Maria José dos Anjos da Guarda e Silva
Destinatário(s) José Nicolau Teixeira de Aguiar Cresuel            
De Portugal, Lisboa, Rua dos Fanqueiros
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Processo relativo a José Nicolau Teixeira de Aguiar Cresuel, caixeiro. A documentação inclui uma relação de objetos que foram roubados da casa de José Joaquim da Silva. O réu foi acusado de usar a chave falsa de uma casa sem inquilino, junto à morada do outorgante, José Joaquim da Silva, e, saindo pelos telhados, de se introduzir de noite em casa dele. Com falsas promessas, teria conseguido corromper e levar a honra e virgindade de Maria José Silva, filha do queixoso. Suspeitou-se ainda que o réu roubava o pai da sua amada, levando-lhe dinheiro, além de que uma criada testemunhou que tinha visto Maria José dar dinheiro em peças ao réu. Teriam sido ainda roubados talheres de prata, roupa e outros objetos, tudo no valor de mais de duzentos mil réis. O réu foi também acusado de atentar contra a vida do queixoso e de um filho ainda menor, José Luís da Silva, para o que se mascarou com uma farda de soldado realista. Foi preso na Rua da Prata e conduzido à Guarda da Polícia. No dia seguinte, foi à presença do Desembargador Corregedor do Crime do Bairro do Rossio, em cujo poder ficaram a farda e demais objetos. Consta ainda do processo que o réu tentara fugir com Maria José, pois queria casar com ela apesar da oposição do sogro. Enterrara até, de antemão, umas moedas de prata num vaso de flores. A mãe do réu estava a par de tudo e até já tinha conduzido Maria José à Rua dos Vinagres para se encontrar com o filho.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira face e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 120, Número 9, Caixa 322, Caderno [1]
Fólios 71r
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Meu Querido Marido
[2]
Ha bastantes tempo q eu querido filho não tenho tido noticias tuas, o q bastante me tem custado no eterno do meu coração pois hes tu a unica pessoa a quem estimo e de quem depende toda a minha felecidade;
[3]
Meu querido Merido sabras mui bem q meu Pai nas vesparas de tu me tirares do seu poder, q me deu mtas pancadas com huma bangalla e q me fes nodas negras no meu corpo do q tenho padecido mto
[4]
e o rezultado das pancadas foi eu ter hum mao suçeso
[5]
A meu querido Menino sei quanto te ha de ser sencivel esta triste noticia q te dou
[6]
porem eu tenho sentido os maiores transportes de dor,
[7]
suma penna me acompanha a minha alma de se ter perdido o primeiro filho teu e meu,
[8]
A quanto somos enfelizes,
[9]
porem eu protesto Vingança contra o autor dos nossos males,
[10]
meu filho tem pacssiencia q nos pella a nossa constancia havemos de Vencer,
[11]
eu jamais deixarei de ser tua mulher;
[12]
o Snr Joaqm Joze da Silva tem recomendado mto as filhas q me Vejie por isso não posso ser mais extença
[13]
e familia Vaise mechendo pa se levantarem
[14]
adeos meu bem
[15]
rebe hum Beiginho da tua Mulher
[16]
A dezoito da Maio do ano 1830 Maria Joze dos Anjos da Guarda e Silva

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