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Maarten Janssen, 2014-

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1822. Carta em rascunho de Joaquim António Saraiva Abrantes, cirurgião, para Joaquim José da Luz..

ResumoO autor escreve um rascunho com o objetivo de fazer a mulher copiá-lo em forma de uma carta ao pai, acusando-o de a ter desonrado.
Autor(es) Joaquim António Saraiva Abrantes
Destinatário(s) Joaquim José da Luz            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Maria das Mercês de Lima, filha de Joaquim José da Luz, casou com Joaquim António Saraiva contra a vontade de seus pais e contra o conselho de pessoas identificadas como sendo "de notória probidade". Tendo perdido o prometido dote, o genro começou, alegadamente, a maltratar Maria das Mercês, a quem daria "rigorosas pancadas", ameaçando-a também "com uma faca ao peito". Além disso, teria uma amante em casa, embora a tivesse apresentado, sob nome falso, como prima.

O que deu origem ao processo foi Joaquim António Saraiva ter escrito rascunhos e ter obrigado Maria das Mercês a reescrevê-los, pela sua mão e por duas vezes, e a enviá-los ao pai. Aí declarava ter sido aliciada e corrompida por ele. O marido fez ainda um requerimento para prestar uma falsa denúncia contra o sogro, servindo aquelas cartas forjadas de prova de violação da filha pelo pai. Mas uma das falsas testemunhas acabou por avisar o pai de Maria das Mercês, que processou o genro.

Este é o rascunho do fl.37. e do fl.40, escrito pela mão de Joaquim António Saraiva Abrantes.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 28, Número 20, Caixa 88, Caderno [1]
Fólios 38r-v
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Como me não foi possivel o poder emcubrir o estado em q me- achava pela falta da minha honrra, vi-me na obrigação no dia em q ca-zei de dizer a meu Marido a cauza q me- tinha reduzido a tal estado, e fielmente lhe confecei tudo o q me tinha acontecido com Vmce
[2]
assim, como não posso bo-calmente dizer-lhe o q tinha passado com Mari meu Marido lhe faço este avizo para sua inteBligencia e saber o modo Como se deve comportar com elle
[3]
isto não tem servido de obstacullo para elle deixar de me estimar antes pelo contrario me desculpa e Cromina a Vmce
[4]
e so sim me tem recommendado q daqui an diante me saiba conduzir e q a mta amizade q me tinha he q fazia com que elle elle me não mandace outra vez para sua caza
[5]
e so me culpava eu eu o lhe não ter dito antes de cazar mas q ja Agora q queria engolir a pirula para mostrar aos seos innimigos q não e a Vmce q não hera aquelle homem a qm tanto se tinha arguido
[6]
a vista disto faça Vmce o q bem lhe parecer
[7]
e rogolhe q me não cromine por eu fazer esta fiel comfição pois assim o devera fazer para evitar o q me poderia acontecer se não emcontrace hum homem que tanta amizade me tem

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