Meu Cáro Paz
Abandonnado dos Céos, e perseguido pelos homens,
é inexplicavel a sensação que me
cauzão tuas
cartas, onde acho cordiallidade e valimento; quando
supponha em meus
compatriótas outros tantos
inimigos. Básta de sentimto vamos ao
q sérve.
Tudo aceito, tudo agradeço, pois de tudo
percizo. Ver
dade é, q a unica complicação
q tenho, é com o po
Ministro, mas
qto é frivolo o motivo de seu odio!
um pamflet, deo
cauza a sua Excellentìssima
cólera. Mas Amo meu,
depois de treze mezes de
continuados desgostos, seria conveniente q
minha
firmeza désse ás azas? Jamais capitulei com
homem algum, q
injustamte me offendesse; o
Ministro de que se tráta, tem
razão pa vingar-se
de minha penna; porem, vio-se nunca,
a não
ser em Turquia, tanta crueldade com um escritor
como se
me faz soffrer? Póde a maldade e a co
bardia, invintar tantos ardides, pa
destruir a
um homem, como aquelles que se poserão em
acção pa me
levar ao patibulo, accuzando-me de
chefe de Conspirados? Que horror! Qual
será
o homem de princípios; que baixando o collo á
Tirania,
se avilte a beijar a mão q sobre sua
cabeça alça o cotello? Mas sou
Portuguez;
hei de ser julgado á portugueza; é forçoso q á
portugueza
me deffenda. Ha mais de um an
no, q soffro innocente; minha constancia
é conhe
cida, não só do Cérbér que me guarda, max tãobem
da mão occulta q neste
estado me tem: porem
refleccionando bem em minha posição, vejo-me
obrigado a pór de parte as
grandes theorias an
tigas; pode bem ser que os mesmos, Socrates,
Solon, Catão, Regulus,
tds no meu cazo, tomas
sem teus conseilhos, aceitassem, como eu, teus ex
traordinarios
favores com reconhecimto e man
chassem com o commun dos
Martirios, pa não
perder em totum o fetio á Criança. Nossos
santos compatriotas, são ignorantes, injustos e
barbaros; sigamos a torrente, e lá vai a folha
de
papel, sem pallavrorios inuteis, Ds lha po
nha a virtude. Tenciono escrever
ao Juiz de
minha cauza, o q pouco effeito fará n' alma de
um
Dezembargador; sem o teu empenho, (Que
infame pallavra, pa qm tem
Justiça e vergonha!).
mas que será de mim se elle?
Meu Amo
pois q a Providencia te destinou
para valer-me, no auge da minha infelicidade;
pesso-te
desculpas meus repetidos importunios.
E rógo aos Céos te prolonguem a Vida, pa
gozares
da Consolação q dáz, e recebes, na pratica da
beneficencia.
Teu Amo do Coração
Candido d' Almeida Sandoval
Cadêa da
Côrte
12
de Octubro.
PS L' escroc t-a-t' il remis ma
lettre avec de la musique légère;
pro
duction d' un esprit libre même dans le Cachot.
Outro:
O Tenente Coronel chamasse
Jozé Pedro de Souza Carvalho Rosado: móra
no largo do menio
Ds no 9.
O Bregeirão do Gl Mtar não se sabe délle mas
Jozé Pedro
porque não..? não entendo!!!