PSCR1433 1620. Carta de António de Castro Pinto, cirurgião, para Francisco Luís, arcediago. Autor(es)
António de Castro Pinto
Destinatário(s)
Francisco Luís
Resumo
O autor suplica o perdão do destinatário. Pede-lhe que o castigue, sim, mas de uma maneira não pública. Está em causa a perseguição que o autor fez aos cristãos-novos de Argozelo.
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Ao sor ldo frco lois Arce
diago e conigo na va
comisario do sto offo
q des gde e ett
Em outras Onras qissera eu ocupar a
Vm e q me fezera ms como sempre mas
fez pareçe q a fertuna me tem perseguido
ẽ trabalhos e fertunas e agora me
faltava hũ desgosto q o prençipiei en riso
risso e me saio en desgosto q me ten costado
alma e a dez dias q não como nen bebo nẽ
durmo . estou cõ mto desgosto Permita o sor dar
me esforço / os dias passados fui a miranda e da
vinda q fez vin cõ hũn meio cristão novo
deste izeda per algussedo pa dormir ai por ser
tarde estãodo poussados veio ai hũ mançebo
e chamou aquele cristão novo q vinha comigo
e e ambos me chamarão e me disserão q
fosemos dar hũa corimaça a hũ judeu porq eles
estavão alvorotados não sabendo quen eu era logo
nos conformamos e fomos onde se achou o jũiz
do logar e outros tres ou coatro e vendo
q fojia nos rimos disso logo o jũiz de
sua coriusidade se foi en quasa doutro e vendo
q fojia en quamissa estãodo na rua nos possemos
a rir per onde eles ẽtenderão a velhaquaria e
se forão en quassa do pe chamallo e juntos se forão
a nossa poussada onde nos estavamos rindonos da
borachada e vendo seu animo pa q me não conheçesen
me aussentei per hũa porta fallsa p onde foi neçessario
deixar la a egoa cõ allgun fato logo se forão a outro
fazer queixume e mãodei busquar a egoa e disserão
q se Vm a mãodasse dar a darião per coãto foi embar
gada naquele acto ; Ora Vm me a de Valer pois o pode
por quen Vm e e e pelo tenpo en que estamos pois Xpõ
perdoou a quen o acussara e pedia ao pe eterno lhe perdoase
vm deve ussar comigo de mesiricordia e veja q tenho
cinquo crianças e pobre q se Vm vai comigo o quabo
e por minhas fas per portas e fiquar desonrado
e veja Vm q o q se fez não foi mais q por risso e
zonbar dos judeus q bẽ zonbarão de xpo deixãodo
contas o q peço a Vm e q se lenbre de minhas crianças
pois eu não tive sisso pra rejer q coãodo cuido no
q se fez pasmo Vm me olhe cõ olhos de miseri
cordia e me valha pois pode valerme não suõ o
portador por me não atrever cõ vergonha pareçer
mos tenho cõfiança pois Vm en tall feito
me pode valler e ser agora rei ẽ
tall oquassião q eu não fui sso q
po gomes de izeda foi o agressor do
odio cõ o jũiz d algusselo q eu não
sabia allgusselo nen entrei nunqua
nele mais q aquella noite q numqua
entrara vejame cõ olhos de miseri
cordia q mais serviço de dẽs sera favo
reçerme nesta caussa q eixecutar a
sentença e nisto tomarei a penitençia
q Vm me der como fique eincu
berta não enfado mais a Vm mais q
fiquar rogando a dẽs pela vida e saude
de Vm de izeda e criado de Vm oje 28 de março de 1620
criado de vm
Anto de crasto
e isto era chamandome eles fameliar
sen me eu nomeiar por tall nen
abri porta allgua nen prender ningen
q o jũiz te cullpa cõ po gomez deste izeda
que ele sabia as cassas e os nomes deles era
o prençipall obra cõ ser judeu e como
tais lhe derão a sua
mula mas thome pis
de vinhas dezia asi
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