PT | EN | ES

Menu principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

CARDS1018

1657. Carta não autógrafa de António Fernandes da Mata para as suas sobrinhas, Maria Vicente e Isabel Vicente.

ResumoAntónio Fernandes da Mata manda notícias por intermédio do primo Tomás Ribeiro. Escreve sobre a família, comenta o entusiasmo na recepção das encomendas que chegaram, fala sobre o percurso de quem almeja enveredar pela carreira eclesiástica e alude ao poder temporal dos jesuítas sobre os ameríndios.
Autor(es) António Fernandes da Mata
Destinatário(s) Maria Vicente            
De América, Brasil, Rio de Janeiro
Para S.l.
Contexto

O réu deste processo era João Vicente de Morais, natural de Punhete, marinheiro da carreira do Brasil. Foi acusado do pecado de bigamia por ser casado com Isabel Vicente e ter tornado a casar no Brasil com Domingas Barbosa, sendo que a primeira mulher ainda era viva. Foi o tio da primeira mulher, António Fernandes da Mata, autor mental de três cartas aqui transcritas, quem denunciou o caso. O réu foi condenado ao degredo por cinco anos para Mazagão.

Suporte uma folha de papel dobrada escrita no rosto e verso do primeiro fólio e com sobrescrito no rosto do segundo
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2674
Fólios 15r-v, 15Ar
Transcrição Ana Rita Guilherme
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Ana Rita Guilherme
Modernização Liliana Romão Teles
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2008

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

A minhas sobrinhas, Maria Vte E as mais que nosso snor gde Vsa Em Punhete do rio de janro 16 de Julho 1657 Pax Xpti Minhas sobrinhas

que me obrigão tantos empenhos, E mostras de amor não posso deixar, ainda q por não posso nẽ meus filhos estão en ma companhia, mais q pequenete, q ainda aprende a escrever, faço estas 4 regras por Via de meu primo E seu Thomas Ribro q he o q quis tomar este trabalho, sendo q tambẽ molestado de dores dos brassos de q anda en cura. Estimo darlhe Deos saude, e talento pa se governarẽ E serem alivio à Velhice de ma irmã, E sua mai tenhão mta confiansa nelle, E se entreguem en sua santissima Vontade Pois q tudo governa pa nosso bem, e nossos dezejos são indiscretos, não sendo por elle encaminhados. E a Virtude, q mais pode e Valeo sempre Deos foi a da castidade, q todo o amor fora delle he imperfto E assi não alcansa o Verdadro e sumo bem, Pesso a nosso snor ainda q tão grde peccador como por couza q tanto me toca, as tome a sua conta; Eu fico algũa ainda q pouca melhoria Dando grassas ao snor q estas mazelas me da Vida, pa emparo de meus fos atribuoo a suas oraçois, E mais fieis q por devẽ de rogar, pois não acho en o tal mericimto Izabel da costa sua tia, Primas, E primos lhes mandão infinitas saudades, gratificandolhes o mimo das bocetas E a o devotao das devotas q bem parecẽ couzas das servas E servos de Deos, parecião tordos com pouca azeitona os aneis nastros agulhas linhas, E as mais couzinhas, a neta a da viola, logo a foi por no oratorio Veyão q santa. empregarão mui bem seus mimos, E hirlhe ha de ca mui bom retorno, não se poderá crer, q neste brazill não aya couza das mtas q te Portugal, pa poder mandar en sinal de amor, nẽ quẽ o leve, q não seya parte mto chegado, nẽ foi possivel mandar hũas contas, q o frade mandou pedir porq alguas, q se fazẽ nas aldeas do gentio, he necesso mais Vagar, pa as encomendar, o nosso Pe Anto da mata por quẽ estamos esperando da Bahia Vira, E como Pes da companhia são senors das aldeas algũas buscara este he o mais Velho dos machos Vivos cete annos ha q entrou na compa de dezasseis annos podera ser, q quando se va ordenar Va ver terra de seu pay, E seus partes andava no Curso E adoeceo como q não pode continuar, E pedio licensa pa Vir ver a mai estamos esperando por elle, capuchos ainda não nenhũ João q o queria ser ainda não tẽ idade perfta E podera ser q quando a tenha se arrependa ou seya da Compa como o irmão Paulo o mais pequeno aprende, E netto com seu tio en caza todos se encomendão ás suas oraçois. E lhes mandão seus abrassos não atentẽ por louquices de suas tias, q basta serẽ tias amẽnsẽ mta amizade, E tirẽlhe a malenconia porq la lhe vai hũa Ladainha mto bem composta foi ca hũa galhofa a rrepartissão dos dous mill rs porq ellas dizẽ q mas sobrinhas forão tão cruas q lhe não derão mais q a tersa pte E sua mãy ellas pello contrario não sei quem mente- enganoume o Velhaco do mestre que veo en lugar do lima q o lima não veo então Veya ma sobrinha, q pouco gozou do mundo E estado, E a paga q lhe deu, E agora as boas novas, q lhe dou pois não pode ser menos; João Vte se cazou poucos mezes ha hũa Viuva honrada na mesma ilha grde aonde esta O irmão dizendo era viuvo sẽ vergonha de q estava eu aqui tão perto, Levei logo as cartas ao Vigro geral minhas, E as q mandava, pa o irmão E elle ficou o Vigro suspenso, E disse q elle faria justiça entendo o mandava vir prezo, se ouver lugar Ei de fazer mto por hir nesta frota. Veya q alma ja qdo eu aqui o tive estava co demo no corpo porq disse q lhe parecia, q sua molher era morta aprendão as demais, E q o mais serto he, virẽ a ter estes gostos

Primas ja q me custa meu trabalho, E dores, quero meter tambẽ minha colherada Nas de meu primo, o anno passado, mandei dizer o qto sintira q minhas couzas sendo de Vms tambẽ, lhes fossẽ de tanto agravo, como eu ha 25 annos ando por estas ptes pouco exemplo podião tomar de , pa q tivece eu algũa culpa, mas como eu fui en mocidade tão mal inclinado imitarião meus feitos pello sangue. So lhes digo, q o q ha de sser tẽ mta forsa, E tudo Deos fas, pa nosso bem, q bem dizẽ não merecia elle o q Deixou Deos lhe dara o paguo, E eu lhe mandei dizer o q merecia ao q me não deferio, mais q aguardava por , grdes erão meus dezejos de hir en compa do lima por ser amigo, E me parece não tornara ao mar mas meterme no mar dores, E alem disso outras couzas q se meterão en meyo não avia Lugar Veyo tambẽ q estou aonde me dezejão agradar, E ninguem me da huma pequena molestia E la, não sei o q sera. Vendo q entre irmãs ha tantos impropios se lhe mereço algũa couza, en suas orassois pessão a Deos, E aos mais stos da nossa terrinha me suceda nesta escolha o milhor pa minha salvassão, E se não for o anno q Vem, eu lhe mandarei bugio pa o ensinarẽ a bailar; á Velha mando abrasso por ser ja Velha, E a Vms cada hũa tres.

De seu Primo Thomas Ribro

Minhas sobrinhas, ainda q tenho estas duas pontadas, q curar hũa minha filha Ma da fonseca mais Velha, q ja não tẽ esperansas de ver seu marido, E ja tomara sendo Deos servido, q la aonde esta o levara pa ssi, pa a tornar a emparar, E hũa filha ma netta q tera doze annos não ei de deixar, de acudir ao q devo , não como dezejo, mas como poder, E dezempenhandome Deos, milhor, fação o q devẽ ao sangue não dando ocazião a q digão, senão mtas Virtudes suas e recolhimto não dando lugar a ociozidade donde procedẽ todos os males. E en seus trabalhos lhe acudira Deos cõmo pai q aos mais tristes bichinhos da terra acode qto mais aos q E por quẽ deu seu preciozo sangue E vida o mesmo snor as gde etc de seu tio do Corassão Anto ferz da mata


Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Guardar XMLDownload textRepresentação em textoWordcloudRepresentação em facsímileManuscript line viewPageflow viewVisualização das frases