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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor denuncia um homem que tinha já sido condenado por feitiçaria e parecia estar a reincidir no crime. |
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Autor(es) | Manuel Pereira |
Destinatário(s) | Manuel da Gama Lobo |
De | Portugal, Montemor-o-Velho |
Para | |
Contexto | Este processo diz respeito a Belchior Aranha, um boticário acusado de feitiçaria. Belchior Aranha era cristão-velho, natural de Arrifana de Sousa, e morava em Lamego. Era filho de Baltasar Rodrigues Aranha, também boticário, e de Maria de Landim e casado com Maria da Assunção. Em 1688 apresentou-se na Inquisição de Coimbra. A 18 de Novembro de 1703 foi preso e só no ano seguinte foi dada a sua sentença, saindo em auto-da-fé. Quando o réu se apresentou (1688) tinha 35 anos, foi ouvido e depois deram-lhe licença para ir para a sua terra (Alvarenga de Lamego). Só mais tarde foi preso e depois condenado. Da acusação consta que Belchior Aranha fazia "curas com modos improporcionados a elas", tirava "feitiços" e fazia "malefícios usando de artes vãs e supersticiosas", tendo por isso levado a crer que tinha feito pacto com o demónio. O Padre Manuel Delgado, sacerdote do hábito de São Pedro, morador na rua da Bequinha, freguesia da Sé da cidade do Porto, e seu sobrinho Manuel Francisco de Andrade, cavaleiro da Ordem de Cristo, foram testemunhas dos atos de Belchior Aranha. Estando enfermo o dito padre, chamaram o réu para o curar do achaque de gota de que padecia e ele disse-lhes que lhe dessem uns retalhos das roupas do enfermo. Voltando com elas da sua terra (onde disse ser necessário ir) afirmou que o achaque se devia a um feitiço. Disse também, segundo as testemunhas, que faria orações para que as pessoas que tinham feito o feitiço aparecessem na casa do doente à meia noite. Durante a noite, o boticário terá tomado uma tripeça e, virando-a para cima, pôs-lhe três candeias acesas e proferiu palavras ininteligíveis. Ditas as palavras, foi apagando uma candeia de cada vez. Tendo preparado uma mesa na tripeça às avessas com um guardanapo atado em cima de um covilhete de água coberto com um guardanapo de olhos e uma tesoura, disse o delato (depois de tudo acabado) que pela manhã se achariam os feitiços, o que sucedeu. Levantando-se uma moça, achou um pano atado com terra dentro, um acolchoado todo enlaçado com fiado que continha cabelos, panos, ossos de finados, paus de forca e excremento de pessoa enfeitiçada. O delato tudo explicou e queimou em seguida num fogareiro. Também na noite anterior tinha pedido uma galinha que teria de levar para a Torre da Marca para oferecer ao demónio. Esta e outras histórias fazem parte da acusação do boticário ao Santo Ofício. Numa primeira fase, o réu terá sido absolvido das acusações, mas mais tarde foi julgado culpado e mandado ao auto-da-fé, onde ouviu a sua sentença: abjuração de leve por supeito na fé, degredo por tempo de dois anos para a cidade de Faro, cárcere a arbítrio dos inquisidores e instrução nas coisas da fé, mais penas e penitências espirituais que lhe fossem impostas e pagamento das custas. No processo há ainda referência ao facto de o delato ter sido posto a tormento durante o interrogatório para que confessasse as suas culpas. |
Suporte | meia de folha de papel escrita no rosto. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Coimbra |
Cota arquivística | Processo 9613 |
Fólios | [45a]r |
Socio-Historical Keywords | Rita Marquilhas |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Clara Pinto |
Modernização | Clara Pinto |
Data da transcrição | 2010 |
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