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Maarten Janssen, 2014-

CARDS8032

1815. Carta de António Alves Domingues, padre, para José António de Castro, juiz.

ResumoO autor pede para o juiz o escusar de ir jurar num sumário de testemunhas.
Autor(es) António Alves Domingues
Destinatário(s) José António de Castro            
De Brasil, Maranhão, Rio Torto
Para Brasil, Maranhão
Contexto

O capelão de Cururupú, o Reverendo António Vidal Ferreira Pinto, foi denunciado em 1813 por um lavrador inimigo, José Gonçalves Castelhano, enquanto culpado de uma série de crimes. O réu foi acusado de viver "escandalosamente amancebado durante mais de nove anos com Faustina Teresa, mulher casada com o alferes António dos Reis", e ainda "concubinado de portas adentro com a preta forra Maria Benedita." Disse-se ainda que era "muito remisso na administração dos sacramentos, como aconteceu com um homem branco, filho de Portugal, e com uma escrava chamada Iria do Padre António Alves Domingues", e também "um refinado negociante." Dava "conto e asilo a homens facinorosos e degredados, como um João Alves, homem de tão péssimo caráter que tem chegado a forçar algumas mulheres, dado pancadas" e era "costumado a apanhar cartas alheias para as abrir e ler e, por este meio, descobrir os segredos das famílias e dos particulares." Fazia "um notório e sórdido monopólio dos mesmos sacramentos, não batizando senão por mil e seiscentos réis, quando a esmola que recebe o pároco não excede a quatrocentos réis, e não assistindo ao sacramento do matrimónio sem que lhe deem três mil e duzentos réis." O autor do processo, no entanto, acusou também o dito padre de um crime mais banal. A 25 de setembro de 1812, o padre teria cometido contra si um "rigoroso furto": o roubo de um boi de carro, mandando-o matar "por dois dos seus agregados, com o pretexto de que tinha ido à sua roça", fazendo com que se enterrasse o coiro e a cabeça do animal "para que se não descobrisse o malefício" e conduzindo a carne para sua casa. Ao fim de um processo criminal que durou 6 anos, o capelão acabou absolvido.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira face.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 3, Número 17, Caixa 11
Fólios 39r
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

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Illmo Sr Joze Anto de Castro Rio Torto 2 de Fevro de 815

Snr recebi pelo seu escrivão avizo pa hir jurar no sumario de testemunhas q va rma como juis comissario ista inquirindo; prezumo ser denunciante do do Joze Glz Castelhano e o denunciado o rdo Anto Vidál Fra Pinto. Sendo assim rogo a v rma me escuze de jurar; não some por me achar doente mas taobem porq devo dar-me por suspeito como de facto me dou por suspeito de jurar em seme sumario. Razoens e motivos imperiozos me obrigão a suplicárlhe este obzequio q espero da sua rectidão

Estimo tenha boa saude e lhe dezejo continuada sendo de v rma

mto vor e c humil Anto Alvs Domes

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