PT | EN | ES

Menu principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

PS2517

1592. Carta de Inês Fernandes para o primo, João Gonçalves, mestre de engenho de açúcar.

ResumoA autora dá notícias ao primo, pai do seu filho, sobre a sua condição e a dos familiares. Alegando que ela e o filho passam fome, pede-lhe que ele lhe envie licença e provisão para que ela possa embarcar para junto dele.
Autor(es) Inês Fernandes
Destinatário(s) João Gonçalves            
De Madeira
Para América, Brasil, Bahia
Contexto

Este processo diz respeito a João Gonçalves, de 29 anos, cristão-velho, filho de Mendo Gonçalves (lavrador) e de Inês Álvares, acusado de bigamia. O réu era natural da Madeira, mas tinha emigrado para o Brasil onde era mestre de açúcar no engenho de Fernão Cabral, na Baía de Todos-os-Santos.

Na Madeira, João Gonçalves havia deixado uma prima, Inês Fernandes (autora da carta), a quem tinha tirado da casa dos tios com promessa de casamento. Os dois fizeram vida marital e tiveram um filho. Segundo o testemunho do réu, ele quisera casar com Inês Fernandes após o nascimento do filho, para o que mandou buscar a Roma a dispensação necessária, por serem parentes. Mas o bispo e o vigário da Madeira não consentiram e mandaram que ele saísse da ilha. Por esta razão, João Gonçalves emigrou para a Baía e aí fez vida de solteiro. Depois de ano e meio sem notícias, quer de Roma quer da Madeira, casou legitimamente com outra mulher.

Inês Fernandes, encontrando-se a dada altura, com o filho, a passar fome e necessidades e sem notícias do primo, escreveu-lhe esta carta, que deu origem ao processo. Uma testemunha, Francisco Romeiro, declarou que, no barco que vinha de Pernambuco, lhe foi dado um molho de cartas da Madeira pelo seu primo Manuel Barcelos, e que nesse maço se encontrava a carta aqui transcrita. Procurando pelo dito João Gonçalves para lhe entregar a carta, perguntou por ele a Lucas da Fonseca, solteiro, de 35 anos, tendo-lhe este respondido que o réu já estava casado com outra mulher, a viúva Maria de Oliveira. O casamento tinha acontecido havia um ano, na fazenda de Fernão Cabral, perto do rio Jaguaripe, atualmente algures no município de Nazaré, Bahia, após o pai da noiva ter empreendido esforços para conseguir a licença de casamento. A carta, ainda lacrada, foi entregue ao visitador, que a leu, abrindo o processo instaurado ao réu. Provavelmente, este visitador é o autor da nota escrita no fólio 9v: "Lucas d'Afonseca que está para afora com uma filha do [balme] e sabe que ele é aqui casado".

O réu foi absolvido das suas culpas e só teve de pagar as custas do processo.

Suporte duas meias folhas de papel de carta escritas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2555, 1º caderno
Fólios 8r e 9r
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

O script do Java parece estar desligado, ou então houve um erro de comunicação. Ligue o script do Java para mais opções de representação.

Para lo Senhor Jo gonçalvez mestre d asuquar na bahia de todos hos san tos em caza do Senhor fer não cabral hou donde quer que ho acharem Da hilha da madeira de sua molher hines fernandez Snor

como muyto de dezeyo ha de saber novas suas não me emfado d escrever por todas as vias estando este navio pera partyr fys estas Reguras aventura como outras muytas q temho feytas sem numqua saber novas suas não sey em q ponha tamto descuydo quanto vosa merce tem torno a cuydar que o tem ja por descuydo pecolhe por amor de noso snor e pola alma de sua may que se alembre de huã orfam tam dezemparada e de seu filho que pasa muytos bocados de fome porque muyto bem sabe vosa merce que não tenho parente nen parenta que me seya bom com nada porque seu prymo gaspar delgado me neguou o asinado que ele me qua deyxou se o tyvera aRecadarao rque deve por ele ja aguora não a ningem em que se as pesoas comfiem seu prymo domingos sardynha he mestre e senhoryo do emjenho do xyoll e asim tem todos muyto Remedyo asym no tyvera vosa merce em yr fora do seu naturall se vossa merce não termina de vyr este ano mandeme licemca e provizam com que pague a ãto baradas mynhas tyas yzabell sardynha me emprestou des mill reys pera lhe dar aguora lhe devo a demazya se me vossa merce mandar a llycemca pa yr ja me embarcara não faltara parente que fora comyguo e asim o ey de fazer se vossa merce este ano se não vem porque ja não poso sofryr tantoss trabalhos porque não poso guanhar mays que pera a caza de lugell e a quanto he mynha tya ja não tem quem lhe pague novas de seus yrmaos amos nosos ambos estam com pero sardynha sua yrmãn a cazada esta muyto bem com dous menynoss a outra colteyra esta em caza de seu tyo gaspar dellguado se tyvera poder ja a trouvera pera caza não tenho mays que dyzer se synão que eu e seu fylho fyquamos Roguando a deus por vyda e saude de vosa merce feyta oje a des dias de junho der de noventa e e dous

De sua molher Hines Frz

Legenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Guardar XMLDownload textRepresentação em textoWordcloudRepresentação em facsímileManuscript line viewPageflow viewVisualização das frasesSyntactic annotation