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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1585

1706. Carta de Manuel Carvalho Marques para Diogo da Silva de Gouveia e Abreu, juiz de fora.

ResumoO autor dá ao destinatário notícias sobre o que se passa na sua vila e sobre o decorrer da devassa que o arcebispo de Évora lançara contra ele.
Autor(es) Manuel Carvalho Marques
Destinatário(s) Diogo da Silva de Gouveia e Abreu            
De Portugal, Setúbal, Torrão
Para [Lisboa]
Contexto

O réu deste processo é Diogo da Silva de Gouveia e Abreu, juiz de fora na vila do Torrão, preso pela Inquisição a 22 de Fevereiro de 1707 por actividades contrárias à fé católica. O juiz de fora teve um pleito com as justiças de Évora sobre matérias da fazenda e da jurisdição real, causando o descontentamento de um bispo que resistiu à justiça. A situação resultou na sua excomunhão pelo arcebispo de Évora e no lançamento de uma devassa contra ele pelo Juízo Eclesiástico, que lhe imputou crimes inventados, servindo-se, como testemunhas contra ele, de pessoas que Diogo da Silva de Gouveia e Abreu castigara no cumprimento da justiça régia, e de outras que para tal foram intimadas. Essas testemunhas acusavam-no de zombar da excomunhão e de a ignorar, continuando a ir à missa, de dizer mal do arcebispo de Évora e de declarar que só obedeceria ao rei. As cartas encontradas no seu processo foram apresentadas pelo réu como prova do que foi dito numa petição que fez à mesa do Santo Ofício. O processo não contém sentença.

Suporte duas folhas de papel escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 767
Fólios 143r-144v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300648
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

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Sor D Do da silva De Gouveia e abreu

A de vm resebi q Mto apladi por saber lograva vmce Ampla saude, eu pa cervir a vmce vivo com pronta vontade.

Sor Mto estimei a notissia q vmce me fes mce Anotisiar em q o seu negosio avia de tre em elle bom susesso porq sendo asim não tera a minha vontade mais q dezejar o agravo suponho estera vmce ja emtregue delle comforme a notisia q me deu Mel Correia, a pellasão q vmce mandou fazer foi eu com sivestre d abreu a caza do Dor Dourado e não nos foi posivel o podermos comseguir o hilla me fazer porq logo se fimgio com o pes em o estribo dizendo hia acudir a hũa seu tio a va de villa nova q estava merubundo e q o mandava buscar mas sem elle se fes o q vmce queria porq logo foi silvestre d abreu com o escrivão pato apellar o q tambem não custou pouco a fazer hir o pato porq os medos em esta terra são mtos e com Alguma rezão porq o sor bispo a todos atomo-rizava metendo bastantes medos com prizão pa Alju-be e dizendo elle e os mais ofissiais por onde se achavão q vm ja qua não avia de vir nem em o servisso de em rei avia mais emtrar e a toda a testemunha q não jurava a seu gosto logo lhe metia medos com o sor Arsebispo e dizendolhe se vinha ja acomsilhada do escrivão das ora-sons e dizendo este he sebastianista pois vosse não dis nada pois qua tem vindo testemunhas dizer q vosse sabia mto e porqui mtas mais coizas q os q lla forão jurar andam dizendo e ao pe frco lopes godinho o quis mandar prender gritando pello merinho e dizendo, chega ao barranco e quello pallar, e ao pato q emtrou logo, não seja vosse como o clerigo q eu quis agora mandar pa a bahia com q he vos publica por esta terra q a huns com medo de prizois e outros com meguissias os hia livando pa jurarem e o pe Dos de Andrade tambem me diserão q se não tirava de lla e que qua em baxo estava preguntando as testemunhas se tinham lla jurado isto ou aquillo q elle lhe preguntava e queria q comtra vmce se jurasse e o rol das testemunhas me diserão elle ficara e sempre andava com o sor bispo porq hia a pasear com elle mais o sor frer Mel da esparanssa e tambem me diserão q em sua caza tinha Alguma caruaje sua e q o sor Arsebispo lhe tem premitido q tudo o q gastar corre por sua conta e q diserã q mes q empinhase a sua Mitra o cazo avia hir a Roma e q escervera a Me abbr q to-do o custo q o bispo fizese e mais ofissiais corria por sua conta por qui podera vmce saber o seu empenho, e desta devassa com q estavão q me quer pare-ser q tudo isto era por conheserem q pello cazo vmce teria rezão e lhe queriam com a devassa fazer guerra mandandoa a em Rei. mas vmce em todo o tem-po a de mostrar com q temsão foi tirada e mais com todos os seus inimigos porq so elles poderião jurar como todos os gastois e morgadas e Marsal da senca. o paiva q estes dois não me parese q fizrão fizerão mal a sua obrigasão o q se preguntava em a de-vassa era como vmce dis q dezia se não dava das escumunhois do Arsebispo, e q estava adeministrado justissa como fazer camaras e audienssias e q prendera os viradores por não hirem a camara e q hia ouvir missa e q dezia mto Mal do Dor vigairo geral, e q preferia mtas mas palavras contra o sor Arsebispo de mal porsedidos e q vce tinha hũa manseba em caza por o q hũa e mtas coizas mais porq me diserão erão doze capitollos, e silvestre d abreu tambem foi testemunha este lhe acha vmce com mais clareza dizer o porq elle preguntava tambem preguntava por quatro pessoas mais q fallavão com vmce pasiavão como era Anto de villa lobos, e Anto borralho e Anto de mira, e Andre Mriz dourado e como vmce tambem mandara pellos cantos apreguar a solvisão do sor numsio, com q elle se foi desta va 3fra a tarde suponho q antes de vmce ler esta sabera ja sua Magde de tudo porq o bispo me dizem disera q logo o sor Arsebispo havia dar conta de tudo, o Sor Rdo da ponte chigou a esta villa a tenpo q estava fora mas logo asim q chiguei o fui buscar e não foi a minha furtuna tal q tivese a dita de lhe fallar porq batendo bastantemte a porta tanto da rua como do quintal me não quis acudir tendo o dis-pois notisia elle estava em caza a mim me paresse isto era medo emfim vmce lla julgara estas coizas ao santos tenho feito prezente tudo o q ouver mistre o venha buscar a esta caza, e isto mto antes Antes de vmce mo escerver no q vmce pode estar mto descansado o Amigo juzeph borralho da silva fiz prezente a onra q vmce lhe fazia do q elle ficou mto agradesido como bom amigo porq so elle sabe sentir to-das estas coizas com o sisso q eu a vmce como posuir-mos lhe farei prezente, ao sor Rdo pe fr. Mel me fara vmce da minha parte repetidas saudades e ao sor Dor frco de gouveia e abreu, e vmce veja se destas partes tenha em q o sirva me não poupe pois estou prontissimo em a vmce obedeser como seu maor deve-dor a pessoa de vmce a q Ds gde oje 7 de 8bro de 1706

Amo e mto sirvidor de vmce Mel Carvalho Marques

E tem chigado a tanto estremo por não dizer medo q nem audiensias nem camaras se fizerão por se não temger o sino da camara em todo o tempo q o bispo aqui esteve, em o pulutimo dia q se elle avia de hir mandou o juiz pedir lisemssa pa o mandar tenger, e isto com todo o seu entemdimto


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