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Maarten Janssen, 2014-

PSCR2563

[1790-1800]. Carta de Francisco José de Sousa Castro, Cavaleiro da Casa de Sua Majestade, para o seu sogro Rodrigo Rebelo Peixoto Azevedo e Castro.

ResumoO autor diz-se disposto a mudar-se para casa do destinatário na condição de o amante da mulher, um boticário, ser expulso da vila.
Autor(es) Francisco José de Sousa Castro
Destinatário(s) Rodrigo Rebelo Peixoto Azevedo e Castro            
De Guimarães, Quinta dos Laços
Para Guimarães, Vieira, Quinta de Fundevila
Contexto

Francisco José de Sousa e Castro (nascido a 04.10.1775), o seu pai e o seu avô, fidalgos cavaleiros da Casa de Sua Majestade, os dois primeiros naturais e assistentes no troço da vila de Monção, comarca de Viana do Minho, e o terceiro residente na Quinta dos Laços, arrabaldes de Guimarães, fizeram petição para que a mulher do primeiro, Maria Gertrudes Peixoto de Azevedo e Castro (nascida a 29.05.1770), fosse recolhida ao Convento de Trancoso ou a qualquer outro convento com a aplicação da renda do seu dote na sua sustentação, de modo a que o filho de ambos ficasse à guarda do pai e o dote do mesmo fosse utilizado na educação da criança. O suplicante e o seu sogro, Rodrigo Rebelo Peixoto Azevedo e Castro, tinham vários pleitos sobre os prédios pertencentes ao Morgado dos Laços, de que era administrador o avô de Francisco José de Sousa e Castro. Para resolver o problema, pensaram casar o suplicante, de 14 anos de idade, e a filha de Rodrigo Rebelo Peixoto Azevedo e Castro, de 20 anos. O casamento deu-se numa quinta dos pais da noiva em Guimarães em novembro de 1790, e os dois viveram juntos em casas alugadas por mais de seis meses. Mas Maria Gertrudes, mais velha do que o noivo, teria o hábito de meter homens dentro de casa, em especial um José do Lago, boticário, que, tendo-se mudado para a vila de Guimarães, se encontrava frequentemente com Maria Gertrudes com o pretexto de a ensinar a tocar guitarra e dançar as chulas. Daí resultaram as suspeitas de adultério e de que Maria Gertrudes daria dinheiro ao boticário para se vestir e sustentar. Constava que a mesma Maria Gertrudes já antes tinha fama de lasciva por ter praticado «loucuras» com um bacharel chamado Luís Navarro, com quem se quereria antes casar. E ainda se fez a acusação de que a suplicada teria tentado envenenar o marido, mas não se conseguiu provar o facto por ausência de testemunhas.

Francisco José de Sousa e Castro, sabendo da infidelidade da mulher (ou influenciado pelos seus parentes) foi para Monção e só voltou a Guimarães quando ela estava para dar à luz, uma vez que o mandou chamar. Passou pela Quinta dos Laços, perto de Guimarães, e escreveu a carta transcrita (PSCR2563) ao sogro. Exigia nela que o boticário fosse expulso para que ele assistisse a sua mulher. A exigência foi depois rejeitada pelo sogro na resposta que lhe deu também por carta (PSCR2564), dizendo que ele e a filha deviam muito ao boticário e que não deviam ser ingratos. Assim, Francisco José de Sousa e Castro não assistiu a sua mulher, o filho de ambos, que se pensava ser adulterino, veio a morrer, e os dois divorciaram-se. Maria Gertrudes passou a viver em Guimarães, mas afastada dos pais e como mulher plebeia com injúria do marido devido ao seu comportamento, tido por indecente e pouco recatado. Francisco José de Sousa e Castro, fidalgo, continuou a viver em Monção.

Suporte meia de folha de papel dobrada, escrita no rosto do primeiro fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Ministério do Reino
Fundo Requerimentos
Cota arquivística Maço 952
Fólios [6]r
Socio-Historical Keywords Raïssa Gillier
Transcrição Leonor Tavares
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

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Illmo Snr Rodrigo Rebelo Pxto

Aqui cheguei a Laços e faço esta a Vsa porq sou obrigado a dizerlhe q por certas circonstancias não me fas conta viver com a Snra D Maria se-parado de VS pois querendo VS e a Excma Snra D gertrudes que estejamos todos juntos estou pronto seja na vila ou na sua qta defendereila com condeção q hum tal Baticario ha de ser expulsado fora da Vila e nunca ter emtrada mais em caza querendo VVSS que isto asim seja, estou pronto qdo não tomo o expediente de tornar-me a recolher pa Monção com a resolução de VVSSas porque sou

Mto obrgo e fiel De VSa Francisco de Souza Castro

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