O autor descreve o que passou quando esteve preso pela Inquisição, lamentando que se dê crédito a confissões voluntárias e pedindo ajuda para se livrar de penitências em Portugal.
q nehua Lembranca me ficou daquelle acto por ser
tal e tão medonho e rigurozo que priva a huma
pessoa de seus sentidos: mas na q asento he q
nehuã pecoa de negosio tenha sossobra de mi
porq a nehuã offendi, sendo assi q computada
a gente q refiro em q pus a boca foi muita
Duas irmãs mas q estiverão la somte mes e meio
tenho por sem duvida q porião a boca em outras pecoas
mas eu assi veja meu Pai com estes tristes olhos q
dellas não tenho sabido couza alguma. e assim, digo V P
que quem presumir de mi alguma couza me pon-
ha as contraditas a mi e a ellas q lhe pareser ser
q tudo o q ha tenho aqui relatado, e se in spesie
me alembrara alguem o dicera.
quanto a dizerme V P q la ha hũ rol, e q eu
dicera mtas couzas a amigos e q dera liberdade
pa se dizerem he falso, e mintirozo, e não pode aver
tal no mundo porq o q ouve foi dizer por
maior e geralmte que dera muitas pecoas e
isto eu mesmo o digo aqui, mas q as speci
ficara nem ha tal nem he prezumivel, porq
eu temo e venero aquelles senhores, e eu so em
suas auzensias nasi pa acreditar a pureza, a ver
dade e a santidade daquelle santo tribunal
quada hum se fas assi o mal, porq aquelles sen
hores julgão pella verdade dos autos E
procedem com extremos de mizericordia, E
bigninidade, se bem he verdade q como Ds
nosso sr lhes deu tanto talento, e o arbitrio
de menistros tão doutos e graves e illustres, he
tão largo pa regular o credito dos testi
munhos