Representação em facsímile
[1630-1639]. Cópia de carta de Luís de Melo, advogado da Relação e da Casa da Suplicação de Lisboa, para Álvaro Pires Pacheco, padre.
Autor(es)
Luís de Melo
Destinatário(s)
Álvaro Pires Pacheco
Resumo
O autor descreve o que passou quando esteve preso pela Inquisição, lamentando que se dê crédito a confissões voluntárias e pedindo ajuda para se livrar de penitências em Portugal.
mta carga q tinhão não chegei ao vivo, ate q vierão
com lebello de deminuisão contra my, e na publicasão q
me fizerão pedi tempo e lugar, e então soube q de 3 testtas q
tive forão duas de Coimbra huã de 23 annos, e
outra de 22 e ambas me culparão em ajuntamto de
outras pecoas, (esteja Ds comigo e com ellas no mais
apertado e rigurozo juiso de todos os viventes pa
me perdoar a mi ou condenar, ou a ellas lhe dar
a satisfacão de seus aleives) a tersra foi dessa cidade,
esta alcansei por infalivel couza q foi hum cão
inimigo q veio donde seus Pais estão aportatando
a fee catholica, e acuzandosce no tribunal
(q na ma opinião tão fingidamte como suas obras
mostrão,) me culpou a mi, stomagado de ca
lhe aver dito que dicesse so a verdade porq
aquelles senhores somte essa querião; e foi tão
desalmado q me culpou dizendo q naquelle mesmo
tempo em q era notorio a todo o mundo q
elle se hia accusar por cão perro judeo, eu
me declarara com elle por tal, perem como
eu estava tão inocente ainda q contestei com
elle no delito q me imputei defferi no tem-
po e fazendo discursso nos de Coimbra
dei todas as pecoas q tinhão de la saido
sem ate hai poder saber quem são pello
divino misterio de Ds nosso sor e pellos san
tos evangelhos; emfim levarãome ao
tormto, hum dia q me tinha banhado em
sangue com deciplina, e estando quazi
etico, nelle dei a meu Pai ecimas e mais
parentes prezentes e auzentes, e não sei
se poria mais a boca en alguem
porq pello mesmo juramto que