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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1822. Carta de Bernardo de Castelões, frade, para António de Poiares, frade.

ResumoO autor agradece ao destinatário as teses enviadas.
Autor(es) Bernardo de Castelões
Destinatário(s) António de Poiares            
De Portugal, Porto
Para S.l.
Contexto

No libelo acusatório diz como autor o Promotor da Justiça (transcrição normalizada): "[…] devendo os réus ser exemplares e zelosos observantes não só dos deveres cristãos, morais e políticos, mas também dos que são prescritos pelo nosso Santo Instituto que abraçaram […] no dia 1 de junho do presente ano, que era a Dominga infra oitava do Corpo de Deus, pelas 9 horas da manhã, pouco mais ou menos, saíram impestuosamente de suas celas os réus Fr. José de Canelas e Fr. José de Fornelos, fazendo-se cabeça de motim, e começaram a chamar os outros réus colegiais, com grandez vozeiros, e batendo estrondosamente nos dormitórios, dizendo palavras sediciosas e ameaçadoras, de forma que aterraram a Comunidade […], ao estrondo daquelas vozes saíram logo de suas celas os outros réus colegiais, e, juntando-se aos primeiros, continuaram cada vez mais as ameaças […] que reputavam afrontados à Comunidade, escandalizando não só a esta, mas até os seculares que ali se achavam. […]. No mesmo dia, em auto de Comunidade do refeitório, sendo os mesmos réus repreendidos pelo prelado por causa daquele punível e escandaloso atentado, logo se levantou o réu Leitor Fr. António de Poiares e, sem respeito às leis da religião e sem pedir licença alguma, interrompeu o mesmo prelado, dizendo em altas vozes: que seus estudantes tinham feito muito bem no barulho que fizeram, que estavam entre Corcundas; e que daria as providências, e outras palavras não menos despropositadas, temerárias e sediciosas, tornando-se deste modo cúmplice, e mesmo autor principal, do referido motim dos réus seus discípulos que se presumem insinuados e induzidos por ele. […] O mesmo réu, Fr. António, costuma sempre andar com hábito de pano diverso do que as nossas leis permitem, aparecendo assim aos seus discípulos [e] faltava a outros deveres de mestre, desprezando a educação cristã e religiosa de seus discípulos, porque todas as tardes saía para fora, deixando-os andar de cela em cela a tocar instrumentos, e até a jogar cartas, com grave escândalo da Comunidade, não fazia as reparações do costume, e que são mandadas no seu plano de estudos, dava as suas lições da aula em segredo e nelas gastava muito pouco tempo [e] tem o custume de reservar para si esmolas de sermões que prega […]. Este mesmo réu, Fr. José de Ervedal, está encostumado a usar de armas defesas, o que mesmo nos seculares e pelas leis civis é crime atrocíssimo, pois que em sua cela se chegou a achar um estoque metido em uma bengala e uma faca de ponta aguda em uma bainha."

Suporte meia folha de papel dobrada escrita na primeira face, e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 2, Número 22, Caixa 6, Caderno [1]
Fólios 248r-249v
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page 248r

Meu Pe Mestre e Amo

Recebo com mto gosto as mto bem concebidas Theses, e me dou por mto obgdo do seo obzequio, ao q dezejarei corresponder em toda a occazião q se me ofra e possa ter o gosto de ver frutificar os seus talentos e cuidados como sempre esperei. N Sr lhe continue a saude, e felicides que lhe dezo e a seos afortunados Discipullos, a quem ofro essa quiquena esmola, para hum dia de passeio; e para qto for do seo agrado me achará sempre com a promptidão e affo com que sou do meu Pe Me

Vor affo e mto obrigadmo Porto 18 de Junho 1822 Fr Bernardo de Castelloens


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