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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1831]. Bilhete de autor não identificado para um padre.

ResumoO autor insulta o rei D. Miguel.
Autor(es) Anónimo59
Destinatário(s) Anónimo60            
De S.l.
Para S.l.
Contexto

Este processo tem quatro réus: António Rodrigues, adelo, 27 anos; José Pinto, moço de fretes, 32 anos; Francisco dos Santos, carpinteiro, 34 anos e Silvestre Alves, criado de servir, 27 anos. Foram acusados de roubo e de arrombamento de propriedade alheia e apanhados com vários objetos suspeitos. No processo diz-se que pelas 11h de 6 de janeiro de 1831, na barraca nº 100 na Rua da Esperança, se sentiram pancadas que pareciam de arrombamento. O sargento mandou imediatamente ali a patrulha mencionada a fim de examinar se com efeito haveria algum distúrbio. Foi então que encontraram os réus com uma faca de ponta de mais de 2 palmos, uma verruma de 1 palmo e outra pequena, uma lima de ferro, um compasso de 1 palmo, um pé de cabra de palmo e meio, uma alavanca grande, duas gazuas, 4 chaves, um capote cor de pinhão, e uma manta sem dono, 4 recibos de venda de casa e uma tira de papel com algumas palavras indiretas relativamente a El Rei (o bilhete aqui transcrito). Foram também encontradas nas algibeiras de José Pinto 3 peças de 7500 réis e 13 cruzados novos. Nas de Francisco dos Santos, um cachimbo amarelo que não parecia ser dele. Nas de António Rodrigues, foram encontrados 2 pezos duros, 11 cruzados novos, meia moeda em papel, um relógio de prata, um anel, dois botões de prata de camisa e uma bolsa de couro com uma medalha da real efígie com fivela. Nas Silvestre Alves foram encontradas 3 peças de 7500 réis, duas meias peças de 3750, 16 cruzados novos; um relógio de prata e dois botões de prata de camisa.

A referência a D. Miguel no bilhete anexo ao processo, bem como os termos em que é feita, ilustra também o ambiente de crispação que então marcava a sociedade portuguesa. Por esta altura, Portugal encontrava-se mergulhado numa guerra civil que opunha os liberais e os absolutistas, também chamados “miguelistas” por terem como figura de referência D. Miguel, então rei.

Suporte um 12º de folha de papel.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 49, Número 5, Caixa 98, Caderno 7
Fólios [7]r, Bilhete 5
Transcrição Ana Rita Guilherme
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page [7]r

Sr Padre Pregador D Miguel não - Anjo - por ser Culhudo



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