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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1651. Carta de Dom Filipe de Moura para Pedro de Castilho, inquisidor.

ResumoO autor pede clemência à Inquisição por se encontrar doente e com idade avançada.
Autor(es) Filipe de Moura
Destinatário(s) Pedro de Castilho            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

O processo de sodomia de D. Filipe de Moura está estudado por Francis A. Dutra no artigo "Sodomy and the Portuguese Nobility: The Case of Dom Filipe de Moura and His Circle", in Harold Johnson and Francis A. Dutra, eds., Pelo Vaso Traseiro. Sodomy and Sodomites in Luso-Brazilian History (Tucson: Fenestra, 2007), pp. 165-194. Súmula do artigo: durante o reinado de D. João IV (1640-1656) houve maior perseguição à sodomia do que em qualquer outro período da história de Portugal. No entanto, quando os réus eram nobres, a punição que lhes era aplicada era muito mais branda do que a que recebiam os plebeus seus contemporâneos e inclusivamente seus parceiros. Um nobre como D. Filipe de Moura ou como o terceiro Conde de Vila Franca, ambos réus em processos inquisitoriais durante aquele reinado, reconheceram ter inúmeros parceiros em atos de sodomia e ter reincidido nos mesmos atos, mas foram apenas degredados: D. Filipe de Moura foi degredado para Bragança e depois para Braga (por o clima ser melhor) e o conde de Vila Franca ficou confinado a um mosteiro no Algarve.

Suporte uma folha de papel dobrada escrita no rosto do segundo fólio
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 789
Fólios 25r
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Sandra Antunes
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2009

Page 25r

Na apresentação q fiz Em Casa de VM, foy VM serdo ordenarme q não saisse desta Cidade sem ordem do sto offo Com o q daquella hora me tive por preso desse sto tribunal, E tanto assim q achandome casi emtrevado E necessitando forçosamte de Caldas me não atrevi a Pedir Lica a sua magde q Deos gde, ate a ter de todos esses sres pera o fazer, E suposto q Contra mim se não á de achar mais do q Eu voluntariamte Comfessey, Com o q na Continuada Emenda, E firme proposito ,(tendome deus de sua mão) não havera falta, Acresendo pera esse fim, a idade, com tantos achaqs como são notorios, E conhescendo com Evidencia, q Este, E o intento desse sto Tribunal. Com grande confiança Postrado aos pes de todos esses sres Ministros, E com toda a sumissão devida, poderey alcansar se aJão commigo com a Piedade, E misericordia q Costumão Com todos tanto, na licencia q pesso pera me yr Curar, Como no mais, q por mero peccador meresso! Com Representar de novo com toda a humildade devida a todos esses sres q qualqr demostração por piedosa, E pequena q seJa que commigo se tome, pello Lugar publico q occupo, não pode deixar de ser sem grande nota, E descredito meo, assim q com imfinitas Lagrimas de Arependimto digo com David Peccavi, E com o mesmo, Pesso dizendo Delicta Juventutis meE, et inorancias meas ne memineris Domine VM pa me fazer merçe seJa serdo Representar a todos esses sres esse papel q da clemencia de todos elles, espero, a terão Com pecador q tão arependido chega a implorarla, E nosso sr gde a VM Como deseJo casa po de Julho de 651

FILIPE de moura


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