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[1748-1752]. Carta de Soror Isabel, religiosa, para o tio Nuno da Silva Teles, padre.
Autor(es)
S. Isabel
Destinatario(s)
Nuno da Silva Teles
Resumen
A sobrinha, freira, escreve ao tio, padre ligado ao Tribunal da Inquisição, a descrever os ataques violentos sofridos pelas religiosas do mosteiro onde reside.
L Seja o
SSmo
S
Meu Tio e Sor do meu
C
por falta de tempo não tenho ja es-
crito porq o
dezejei fazer logo seguinte a nossa grade pa lhe dar
pte; do
Castigo q tive-
mos
plo
q se falou nella; Ja VSa foy sabendo o
trabo de Luiza Ignes ainda
estã-
do VSa na grade; e os ameaços
q o Demo nos fez
por sua boca; e com especialide a
Ele-
na; VSa se despedio de nós as 6 da noite; e
as 8. faltou Elena; no q ninguem
ad-
virtio, mas hindo a portra fechar as portas;
ouvio hũns gemidos; e Chamando gen
te forão seguindoos; e derão com
Elena deitada no cham do Jardim atado o pescosso
com hũa corda
afogada hũ prego; pregado no alto da cabeça; e os cácos de hũ craveiro
sobre
q cahyo em sima da cabeça; quizemos levantala;
mas ella se queichava, e doya
de tal manra
q pedia q antes queria
aly morrer q moverçe;
porq estava toda descon
juntada; hũ quadril
desmanchado; e todo o corpo hũa lastima; como de nenhũa
sorte se pode; nem com
ajuda de mta gente mover:
porq esperavamos expirace por
instantes;
porq os desmayos perdidos os sentidos erão
repetidos; entrarão os Pes
couza
q raras vezes socede; e com as suas
deligas a fizerão Levantar; sesou o
sangue
da Cabeça do buraco do prego; e emfim veyo em braços
pa Sima milhor; mas toda
essa noite não parou; de dores, nem
dormio hũ só instante; e a outro dia com a Repi-
tição de preceitos se foy
recobrando; e ainda q não esta de todo boa; esta com
mto ali-
vio; pedilhe eu me dissece
qm lhe tinha feito isto
pa dar pte a
VSa e ella me disse
q
hindo a sua cela a buscar hũ Livro; lhe
apareceo a Valenta; e outra q ella não
conhe-
ceo, e arebatandoa lhe disse Valenta; agora pagara o
q na grade falou; e arebatandoa
plo ár; a Levarão plos
Dormitorios e varandas lhe atarão a corda no pescosso dizendo
ja
q ellas sempre escapão; agora esta cahirá de
modo q fique enforcada; e a Lançarão
abaicho;
cahyo sobre hũa tigela da caza cheya de terra q ficou
quebrada com o seu pe-
zo do corpo, no peito, e Costelas; e vindo logo ellas
abaicho; disserão está viva? ora
prega lá esse prego; e pregandolho como em hũa
parede; lhe tirarão debaicho do
corpo hũ grde
caco lho atirarão a cabeça; e se auzentarão; foy hũ dos
grdes favores de
Ds
q nos tem o ficar esta freira com vida neste dia
porq
sertamte o aperto da
corda da gnarganta; com o pezo do corpo de tam grde
altura como he da varanda
ao jardim; so por milagre escapou; todas as freiras
são testemunhas de como á
chamos; e plas noites
seguintes se tem experimentado o customado de jogos; pe
ma
is martirios; no coro as missas se experimentão temiveis
efftos e querendo nos conhe
cer hũa molher
q estando só na
Igra os fez experimentar
grdes demos os sina
es á Veleira
pa
q nos soubece o nome sem lhe dizermos a Cauza; e ella
nos con-
tou q estando ouvindo missa acabada, ella sahyo esta tal molher
pa fora; e a Veleira
deichandoa passar adiante puchou pla saya a outra
q aLy estava; elle com
ten
ção de lhe perguntar plo nome desta; mas antes
de ella proferir palavra; voLtou
pa ella com hũa cara mto
Iráda; e lhe disse; Diga hé confeçor? plo
q a pobre
Veleira diz q tremendo ficou; vendo
q ella lhe adevinhava o seu interior e
q
lhe fazia
aqla pergunta como arguya
daqle exame; soube então
q lhe chamão
Pascoa
q mora aqui na Pampulha, mas
q o seu nome da pia hé
Ma mas que to