Representação em facsímile
1822. Carta de Rodrigo da Fonseca Magalhães para José da Silva Carvalho, Ministro da Justiça.
Autor(es)
Rodrigo da Fonseca Magalhães
Destinatário(s)
José da Silva Carvalho
Resumo
O autor informa o destinatário sobre os contactos que manteve, enquanto espião, com os opositores ao regime constitucional.
julgasse Sua Magde muito incapaz, sabia
que tudo faria quanto se lhe mandasse; e q
o negocio do Infante se havia de tratar passa
dos os primeiros tumultos. Tãobem se oppoz a
que se fallasse em cortes velhas, e em privile
gios da nobreza; e disse que nada se devia pro
metter á Nação mais do que a convocação de
novas Cortes, destruição do sistema republicano
e providencias saudaveis; por conseguinte de
clarou que a proclamação do Alpoim, que
na vespera me fora lida, tinha muito que
emendar. Altercarão os dois, e Alpoim mos
trando-se convencido, annuio ás razões do Ne
ves.
Fallou este em Queiroz, e em hum Padre
fulano Rebello; o primeiro he official de hu
ma das secretarias d´ Estado, e o segundo creio
que seu hospede. Alpoim affirmou que pouco
se fiava de Queiroz; mas que lhe servia pa
ra saber delle o que se passava na secretaria
do Ministro. da Justiça. não caracterisou o Pe
Rebello; e acabando esto sahio áo correio.
Depois me disse Neves que este Queiroz não
era affecto ao sistema, que juntamente com
elle Neves, e hum outro havia posto huns pas
quins que fizerão grande sensação; mas que
na verdade tirava delle muitas cousas, sem lhe
communicar os planos que tinha concebido
porque advertia ser elle criatura do Ministro
da Justiça, a casa de quem hia frequentes
veses; mas que não era prudente que elle
soubesse cousa alguma. Disse-me tãobem q
o Alpoim, posto que bom Moço, requeria
ser tratado com cautella, porque fora outro