O autor denuncia a Dom Miguel os planos revolucionários de Cândido de Almeida Sandoval e presta-se a espiar pela parte do soberano.
Serenissimo Senhor
Hum acontecimento extraordinario, me conduz aos
pés de Vossa
Alteza, sem outro algum fim mais,
q o de prevenir males espantosos.
Longe de mim, Serenissimo
Senhor, a idéa de
hum Denunciante, q apezar dos nobres exemplos dos
Heroes da antiga Roma,
eu Jámais pude concili
ar hum semelhante titulo, com o caracter inteiro,
e probo de huma educação
morigerada.
Quando porêm, Serenissimo Senhor, hum Vas
sallo fiel, e amante dos seus soberanos,
vê a Pa
tria proxima a nadar em sangue, e a cobrir
se de montões de ruinas, a existencia do seu
Soberano,
e de sua Augusta Familia compro
mettida, e ameaçada de huma infallivel des
truição; dever-se-ha
elle deixar ficar extactico ob
servador de semelhante catástrofe, podendo tê-la
prevenido? deverá
elle neste caso, valer-se de
algum pretexto, seja elle qual fôr, para dei
xar consumar huma scena
tão tragica, e hor
rorosa? Deixará elle( sómente porq o ser Denun
ciante lhe desagrada) envolver
o Reino todo na
anarquia, para ao depois o vêr coberto de
lucto e dôr? Deixará elle finalmente
com