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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1656]. Carta de Gonçalo Rodrigues da Cunha, contratador, para Diogo Lopes Franco, mercador.

ResumoO autor dá instruções ao destinatário sobre o que deve fazer com vário documentos que estão em sua casa.
Autor(es) Gonçalo Rodrigues da Cunha
Destinatário(s) Diogo Lopes Franco            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Processo relativo a Diogo Lopes Franco, mercador, natural de Idanha-a-Nova e morador em Lisboa, preso pela Inquisição por judaísmo em fevereiro de 1657. No seu processo encontra-se a carta presentemente transcrita, todavia não são explicadas as circunstâncias em que esta foi achada. Interrogado sobre o seu conteúdo, o réu disse que lhe tinha sido enviada por Gonçalo Rodrigues da Cunha, contratador e seu parente afastado, e que lhe fora entregue por um homem chamado Francisco Brandão, na casa do qual o seu familiar estava escondido. Gonçalo Rodrigues da Cunha planeava, juntamente com os irmãos do réu, Manuel Rodrigues Franco e António Rodrigues Franco, e com a sua família, uma fuga para França, e depois para a Holanda, para aí poderem viver livremente na lei de Moisés. Como abandonava o país com dívidas, procurava arranjar quem lhe cuidasse dos negócios pendentes para evitar escândalos, e uma das pessoas a quem pediu ajuda foi Diogo Lopes Franco, o qual, contudo, ignorava que o seu parente quisesse fugir, pensando que este se escondera apenas por estar falido.

Manuel Rodrigues Franco e António Rodrigues Franco conseguiram escapar num navio inglês, mas Gonçalo Rodrigues da Cunha e a sua família foram denunciados antes de fugir e foram todos presos pelo Santo Ofício. Também Diogo Lopes Franco acabou por ser feito prisioneiro, já no ano seguinte, não sem ter, ele próprio, tentado fugir quando soube do que acontecera aos seus parentes, saindo no mesmo auto-da-fé em que Gonçalo Rodrigues da Cunha foi executado, a 15 de dezembro de 1658.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita no rosto do primeiro fólio.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 1965
Fólios 75r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2301870
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Maria Teresa Oliveira
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 75r

Importa q Vm busque hum maso das cartas e conhecimentos que vierão na frota que está sobre o banco do escritorio e assy como estiver o emtregue Vm ao sor amigo pera fazer, as contas os mestres, e hũa das gavetas do bufete esta hũa procuração que he pera o dito sor Vm a busque e lha de e veja que todos quantos papéis estão nestas duas gavetas do bufete que Importam, pois são Letras escritas que tenho pago, e outros de devito q Vm cozerá em pano ou saco como lhe pareser e todos os mais papeis meta Vm em sacos ou como lhe paresser juntamente os livros tambem estão outros em todo sima na caza nova sobre hum bofetinho q Vm recolherá sem que fique so papel, feito grande he dos padres da companhia Vm o dará quando lho pedirem; e outro de Ignacio d azdo Henrique dias dara Vm ao dito azdo. sobre o banco estão hũas contas da minha letra que eu estava fazdo que são de João Bautista da fonseca de hũm conto e duzentos mil rs a rezão de juro outras da sua Letra Vm lhas dará no estado em que estão, hum papel da minha Letra que vem a ser hũa repartição de gastos e o que toca a cada hum pagar aonde são enteresados hũs mercadores francezes e portuguezes que esta sobre o bufete Vm o recolha e meta na algibeira para mo dar hũas certidois que estão sobre o escritorio da sala muytas couzas tinha que dizer mas não sey se se emfadara Vm que quero mais perder por curto que por atrevido.

Avizeme Vm do que passa o amigo de São Paulo e em que estado esta o negocio que Deos queira que bem seja. fassa Vm tudo com mto recato pello q comvem, os papeis dará Vm ao padre João Roiz disfarsandoo que os achou sobre o bufete e que lhe parese que importarão pa a descarga da nao suzana; Vm não tem a que vir ca nem a outra parte que o portador faz tudo bem e basta paguelho Deos.



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