Representação em facsímile
1651. Carta de Joana de Jesus para o doutor Alexandre da Silva, deputado da Santa Inquisição.
Autor(es)
Joana de Jesus
Destinatário(s)
Alexandre da Silva
Resumo
A autora explica ao destinatário as razões do conflito que mantinha com outras religiosas do seu convento.
por a dita menina se me emcrinar mais que a mi
nha tia asin que vindo o dia do evangilista
em maio este fes um anno no quall ove nesta casa
grandisimas deszensois a reepeito doutra novisa
que de poucos dias tinha vindo filha de manoel
d allmeira de vascosgonselos e como eu naquelle dia
fose a casa da dita abadesa abrir uma carta que
me veo de serta pesoa minha parenta estive
com a dita abadesa ana da madre de deus e sua irmam
maria dos santos e as duas primas nomeadas e maria
d anunsiada e mariana d asensam e com estas duas
tinha eu grandes brigas no tenpo que fui porteira
sobre elas quererem falar com os solldados de dom san
cho que aqui nese tenpo era morador e como esas
todas eram magoadas por a dita menina tan
to que me viram comesaram a falar nela eu lhes
dise que ja era tenpo diso esqueser elas asindio
em ira que parese me queriam emgolir ana da
madre de dés me dise que eu meresia posta na
santa emquisesam eu sintindo esta palavra
muito lhe dise que quem la me puzara a premeira
ves me puzese a segunda a que ela me chamou me
emgrata dando a emtender que seu primo
me fora la valia pera não ser castigada a que
eu respondi que todos os diabos levasem todas
que la que niso me soubese allguma couza que
não descrubise a que respondeo mariana d asensan
que em di bem que avia la de ser afrontada por todo
o mundo pois eu falava nas amizades desta casa
hee fallsimo e me he dés boa testemunha que não
ca falei na tais amizades em nhum tenpo o que
ainda lhe durava do tenpo de eu porteira
e estando ahi prezente a dita abadesa amtonia
de madre de dés