O autor dirige-se à mulher e à sogra expressando a saudade que sente delas, da sua mãe e dos seus filhos, e aconselhando-as a, quando confessarem, falarem dos presos que acusaram a sua família e de outros cujos nomes envia numa folha, de modo a serem soltas rapidamente.
Minha querida prima da minha alma e minha amada mae do meu coração.
Significar o meu sentimto; me he tão impocivel, como dizer a minha saude e sendo exces-
sivas as q tenho dos meus filhos, não tem comparação com as q padeço vossas, e de minha
mae, Ds q tudo pode, me chegue por sua mizericordia, a ver em vossa compa com os
nossos filhos, e minha mae q ainda q seja pobremte, estando comvosco, todo o trabalho
esquecera no gosto de vos ter comigo, e no meu coração: o tempo não permitte q eu diga
qto pudera, e dezo, e assim vos torno a rogar, e advirtir, q pois sabeis as pesoas,
q com o siqra se prenderão, q são as q fizerão mal a nos todos, e sabeis tanbem
os q agora estão prezos, assim homens como mulheres nem vm nem minha mae
fallem nos q estão livres, e cá ficão, e pois sabem qm lhes fes o mal, logo fal-
lem nelles q assim com a que a de Ds sahirão logo, e porqe tenhaes noticia tam-
bem dos prezos, q agora vão, q talves pode importar, vos mando o rol; avizai-
me de tudo o q vos escrevi da outra ves. tende mta esperança, e confiança em Ds, a qm
não cesso de vos encomendar, e a minha mae; qra o sor ouvirme por sua mizericor-
dia; credeme, q neste trabalho o maior pezar, q me chega a alma, he conciderar-
vos a vos, e a minha mae comprehendidas nelle; Ds nos dê paciencia e nos assista e leve
em pax, e com bem nos livre, e restitua a nossas liberdades, e ads minha amada prima,
e mãe dos meus olhos. Lido este, logo, logo se queime, sem faltar, e ads