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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1723. Carta de Luís António José, fazendo-se passar por seu irmão Manuel Leitão Nabais, para si próprio.

ResumoCarta falsa em que supostamente o autor diz ao irmão que a mulher deste morreu; mostra-se preocupado com a sua prisão.
Autor(es) Manuel Leitão Nabais
Destinatário(s) Luís António José            
De Portugal, Lamego, Quintãs
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito a José Leitão ou Luís António José, como também era conhecido. O réu era um alfaiate, cristão-velho, de 25 anos de idade, natural de Quintãs (bispado de Lamego) e morador em Lisboa, no Rossio, em casa de Gregório da Silva de Azeredo. Era filho do oleiro Manuel Luís Nabais e de Ana Cardosa. Foi acusado de bigamia por se ter casado uma segunda vez com Antónia Teresa de Jesus, com quem esteve casado apenas cerca de um mês, sem fazer vida marital, antes de ser preso, sendo ainda viva a primeira mulher, Maria de Magalhães, "a Pimenta" de alcunha, com quem foi casado por seis anos e de quem teve dois filhos que faleceram. Segundo Maria de Magalhães, o seu marido ausentara-se por ter cometido alguns crimes na terra. Dois anos depois, voltara a casar-se. Apresentando à Mesa da Inquisição como prova a carta escrita por Umbelinda da Cruz ao filho (PSCR2567), José da Costa Ribeiro, tio da segunda mulher do réu, denunciou-o por bigamia dizendo em seu testemunho que este tinha estado preso na cadeia do Tronco em Lisboa por ter sido encontrado com Antónia Teresa de Jesus, sua sobrinha, em sua casa em Loures. Disse também que, sendo feito o casamento dos dois na prisão, e estando o réu muito doente, com uma febre aguda, foi libertado, passando a viver com a sobrinha em sua casa. Soube-se depois que estava a usar nome falso e que já era casado, pelo que o réu fugiu e se escondeu em parte incerta. Em depoimento posterior, José da Costa Ribeiro disse ainda que o réu fingiu trocar cartas com um seu irmão com o mesmo nome do seu pai (PSCR2570 e PSCR2571), onde tentava fazer acreditar que não tinha impedimento algum na cidade em que morava, o que ficou provado por perícia dos inquisidores. As falsas cartas foram encontradas na mão do soldado de armada, filho do denunciante, Bernardo da Costa Ribeiro, o qual as entregou ao pai, que por sua vez as deu à Inquisição. O réu disse não saber ler nem escrever (quando algumas testemunhas já tinham dito que o sabia fazer e existiam cartas suas a comprová-lo). Consta ainda do processo, por depoimento de algumas testemunhas, que o réu já tinha intenção de cometer bigamia porque antes de se casar com a segunda mulher já tinha ajustado casamento com uma Maria Micaela, filha de José Luís (sombreireiro), e que tentou subornar e manipular as ditas testemunhas para que fossem jurar que ele era viúvo e que nunca tinha sido casado com Maria Magalhães, apesar de terem filhos juntos. Apesar de o réu se ter entregado à Mesa do Santo Ofício, em auto-da-fé de 6 de Maio de 1725 foi condenado a abjuração de leve, degredo para a Praça de Mazagão por 6 anos, penitências espirituais e pagamento de custas.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira e na última face.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 3351
Fólios 79r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2303303
Socio-Historical Keywords Raïssa Gillier
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Page 79r > 78v

Irmão ca recebi huma carta tua a qual não Folguey mto com as novas q nella me daveis mais como tu sempre custumaste darme pennas ynda em Lisboa me não quizeste Faltar com ellas mais ysso não Foy por cauza de te adevertir do q nessa terra the avia de suçeder se te mesturasses com os teos amigos de mondim mais como tu andastes tão empenhado conetarllos pa essa terra bem he q elles the pagasem em te dar com os ossos no limoeiro emqto the não der com elles na Yndia olha a lealdade com q sempre trataste ôu theu oFiçial e olha o pago q the deu mas o q lhe valera si eu não For a essa terra porq si a tua prizão for dilatada não therey remedio senão abalarme pa ala sendo q si poder aremediar de la, a tu seres solto não hirey tomar tãomanha jornada porq si tu embarcaras comForme me diçeste escuzava eu de semtir a tua prizão mas andar numca nimguem se vio prezo q se não viçe solto e asim pesso q the não agastes q Ds pode acodir q de la hirão Folhas corridas pa q the deitem Fora e lla se escreverão tambem a qm por ti pessa alguma coiza e mais a qm the vimguem a qm ysso the Fes e la the hira ter todo o dinheiro q the For nesessario si eu não puder hir porq vem saves tu o conego q eu aca thenho mandar dizer q maria de mage curiozos de the mandarem da sua morte Foy a tua auzencia the não agastes nem simtas a sua Foy tirarlla deste mundo porq elle Ficar o sentido e nella a mim me não Faltão q pagar



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