Representação em facsímile
1619. Carta de Álvaro Correia, criado, para o licenciado Clemente Félix.
Autor(es)
Álvaro Correia
Destinatário(s)
Clemente Félix
Resumo
O autor explica a sua conduta protestando junto do destinatário pelas perseguições que tem sofrido.
Eu ande aqui tão bom partido me podem fazer q ou pera anguola
ou outra qualquer parte va que muita vontade tenho de andar
em lisboa con fazer e se me prẽderem juro a esta que
me não ha de pezar e mais que não hao de soltar outra ves e folgara
de saber que niso lhe faso em andar aqui pois lhe não paso pella porta
q ha dous mezes que aqui estou so hũa ves fui a ribeira sem oulla
pera as paredes e pezame muito de ter cõdisão pa sofrer q me tirẽ hum
olho por fazer tirar dous e asim não tem que cansar pa comiguo pren
dãome emforquẽme q hanimo tenho pa tudo que quoanto sairme
de lisboa não ho ei de fazer se não fizerẽ o que diguo mas lembro
a VM q ha de pezar muito a eses senhores atentarẽ a me empedir
lisboa se não se for por esta via e se qualquer deles qzer falar
comiguo digua aonde i eu lhe darey o que dantes me pedião Vs Ms
que eu não quero nada de pesoa algũa desas cazas e se me quizerẽ
buscar pa me matarẽ ou prenderme eu ando pla sidade e ei de tirar
o meu seguro antão mas que me matem e torno a dizer a VM
q ei de andar em lisboa ate q lhe acõtesa hũ dezastre acontesẽ
do outro a mim que como eu estou desfavorescido de meus pa
rẽtes pera mor destes sres avinturado estou a tudo e o tempo lhe dou
o sor gde muitos annos oje sabado 9 de novro
Servidor de VM
Alvaro Correa
e querendome prẽder o sor mel frz tinoco eu o ei de mandar sitar pa di
zer se quer algũa couza de mim e ahi me tem seguro e ficarei loguo
la no limueiro