Representação em facsímile
1711. Carta de Manuel Mendes Cunha, homem de negócios, para o seu tio, Manuel Mendes Monforte, médico.
Autor(es)
Manuel Mendes Cunha
Destinatário(s)
Manuel Mendes Monforte
Resumo
O autor dá várias notícias ao tio, entre as quais a da morte da mãe dele, sua avó, e a de um tio, Luís Aires, e informa-o sobre questões de dinheiro, sobre os negócios de ambos, sobre comércio e esmolas que quer fazer. Pede-lhe ainda que lhe escreva sempre que algum navio partir da Bahia, pois há muito que a sua família não recebe novas dele, estando todos preocupados. Agradece-lhe o envio de vários alimentos, que afirma ter distribuído pelos familiares. Notifica-o ainda sobre as prisões, pela Inquisição, de várias pessoas de Castelo Branco. Tendo, entretanto, recebido uma carta do tio, acrescenta os seus agradecimentos pela missiva e descreve a alegria de todos pelas notícias recebidas.
Meu Thio e Sr Mel Mdes Monforte Lxa 18 de fro de 1711 @
Com a cheguada da frota que Ds foi servido recolher a salvamto
em 5 de 8bro pasado resebi todaz as cartaz que Vmce naquella oca
zião me escreveo a que não poderei dar reposta com aque
lla largueza que dezejava maz direi o mais sinsial estimando
igualmte eu e ma May e irmanz as notissias que Vm nos da de
que passa de saude e ma sra Thia e queridoz primoz em q todoz
saudozamte se rrecomendão e não menoz em Vmce a cujaz or
deis ofresemoz a saude que logramoz q a Ds grasas he boa
e sera em s enpreguar no servisso de Vmce o mais pontual
Em tenpo que a esta corte chegou a frota me achava na Bra
e parti de Alcais em 17 de do 8bro ficando a ma sra Avóo clara hes
com a saude e na mesma forma a toda a mais familia de no
ssa obriguação maz foi Deoz servido levar pa sim a da sra
ma avóo no dia dois de 9bro pella manham estando na noite
de dia doz santoz seiando na conpa das pessoas que se acha
vão por ospedes naquela caza sem aquele tenpo lhe doer
pe nem mão e indose deitar na mesma forma acharão
pella manham com Ds com as maons postas pa o seo engr
andesido seja o sro que asim o premite e na sua Devina
Mezericordia confiemoz acharia em estado de grasa pa que
esteja gozando da bem aventuransa que naquellez
annos ja se não podião esperar muitoz de vida e pello que ja
nesta padesia devemos dar grasas a Ds o tiralla de tão las
timozo mundo mas he sem duvida que senpre noz deve acon
panhar aquele sentimto que he justo termoz ao amor de May
e avoo, que neste e en todo o que lhe a Vmce ocaziona pena e sou
eu e ma May e mais sobrinhoz fiel conpanheiroz com Vmce
a qem pedimoz se não desconsolle, antes sim se conforme em
a devina vontade que asim o premite considirando
que naquela ide não avia ja mto que esperar e que avia de
espirar como hum pasarinho o mesmo sro que asim o diz
poz premitira aomentar a Vmce oz anns de vida na conpa
de ma sra Thia Ma Ayrez de Pina, pa ter viva lenbransa da
Alma de da sra defunta que eu e ma May em o que puder
moz noz não avemos d esqueser como por obriguacão
nos corre e porque os disgostoz e ocazions de penas senpre