Representação em facsímile
1711. Carta de Manuel Mendes Cunha, homem de negócios, para o seu tio, Manuel Mendes Monforte, médico.
Autor(es)
Manuel Mendes Cunha
Destinatário(s)
Manuel Mendes Monforte
Resumo
O autor dá várias notícias ao tio, entre as quais a da morte da mãe dele, sua avó, e a de um tio, Luís Aires, e informa-o sobre questões de dinheiro, sobre os negócios de ambos, sobre comércio e esmolas que quer fazer. Pede-lhe ainda que lhe escreva sempre que algum navio partir da Bahia, pois há muito que a sua família não recebe novas dele, estando todos preocupados. Agradece-lhe o envio de vários alimentos, que afirma ter distribuído pelos familiares. Notifica-o ainda sobre as prisões, pela Inquisição, de várias pessoas de Castelo Branco. Tendo, entretanto, recebido uma carta do tio, acrescenta os seus agradecimentos pela missiva e descreve a alegria de todos pelas notícias recebidas.
Senpre quando vem são a pares direi mais que em o pren
sipio de Abril pasado foi tanbem Ds servido levar pa sim
a meu Thio e sr Luis Ayrez estando somte tres dias de cama
que em pte lhe fez o mesmo sro mta mce em o levar pa sim ale
viando, do mto que padesia nesta vida que em tal tenpo mais
se devem estimar o morrer que viver e mto mais a estes defu
ntos que era ja tão penoza a sua vida, e entre tantas
ocazions de penas o que a Vmce posso segurar, pello que me
avizarão he que se Vmce se achara em Alcais na ocazião do
falesimto de ma sra avoo, q santa gloria aja se não faria
o seu funeral com mais ponpa e grandeza do que fez
meu pro Duarte Roiz Mendes que sentindo eu o não me
achar naquela ocazião la nem aver tempo pa se me poder
avizar me segurarão na fizera falta a ma asistensia
pa que se deixase de fazer mais do que a terra prometia
e que so naquela ocazião he que mtoz mostrarão serem
amigoz de Vmce e que tem muitoz naquela Provinsia, o q he
mto de agradeser no tenpo prezente, a ma May o maior
sentimto que aconpanha cuja pena se lhe não olvidara nu
nca da memoria, he o ver que levou Ds a sua May sem
que se achase com filho algum a ora da sua morte a sua
cabeseira criando tantos, e que sem se despedir della
se veio de Caslo Brnco pa jamais a ver, e com estas consi
derasoins anda continuamte lamentando sem ademi
tir razão alguma que eu lhe porponha, que lhe digo a Vmce a tem
acabado bem este susesso, e mto mais na consideração do mto
que Vmce ho ha de saber sentir e parese he Ds servido
que não va Navio algum pa esse porto sem que nelle
a Vmce vão novas que por tantas vias lhe motivem senti
mto mas são coizas estaz que eu a Vmce não posso ocultar que
a serme posivel o fizera so por conheser o mto que
Vmce toma a peito e sabe sintir qualqr coiza
e antes que pase a particulares de negosio he presiso dar
a Vmce huma satisfasão ao que a Vmce avizou Cna Mendes