PSCR1139
1592. Carta de António do Vale de Vasconcelos para Estêvão de Brito Freire.
Author(s)
António do Vale de Vasconcelos
Addressee(s)
Estêvão de Brito Freire
Summary
O autor dá notícias suas e informa que voltou a casar.
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Estevão de brito freire meu sor||senhor
Meu Snnor e amigo d alma
Em todas as partes honde me achei destas Capitanias esCrevi
a vm largamente de minha viagem e trabalhos
e se não foi tan largo Como elles forão pa Comigo foi
por não enfadar a vm Com escripturas Compridas
agora dou Conta a vm do fin de meus trabalhos
e de meus prosperos susesos sabera vm Como estando
nesta Capitania de São ViCente ja de todo estrenquado
de Reales vestidos e das demais Cousas necesarias a
minha trabalhosa viagem chegou hũ navio ao Rio
de Janeiro e nelle veio hũ homẽ conhesido meu
e da minha gente o qual espantado de me ver en tal
terra e de achar na tal novas minhas soube como
eu estava nesta Capitania de São Vicente e logo
en hũa Caravelinha que partio me escreveo que fose
ter Com elle e quando não que por aquella saberia
as novas da minha terra e gente da qual Carta
soube ser morta aquella dama que vm sabe
que me enContraria neste prospero soseso
e novo estado en que fico e neste instante quis
ds por sua miseriCordia lenbrarse de mim que
permitio tratarse hũ casamto que ja se tratava dantes
Comigo e não se fasia somtes por esperarẽ meu con
sentimto o qual Con tal nova me aConselhei Comigo
e Con o tempo e Con o estado en que estava e ouve
por bem Consentir nelle e logo se afeitoou e asim
fico Casado ja Recebido e Contente de meu ben afortu
nado soseso porque achei os Comodos que en tal
tempo me pertensião achei hũa molher virtuosa
e homrada e Riqua Con a qual me derão oito mil
Crusados antes mais que menos os quais tenho por
mais neste tempo que noutro outros muitos prin
Cipalmente por estar en tempo e chegar me ds
a elle que posso servir a vm e mostrar a Verda
de por obra que Minhas palavras apregoam
por este portador não mando a vm nenhũa
Cousa por ser Recebido de tres ou quatro dias como
elle dira a vm e não tenho aInda nada de meu
mas polo primro navio que for irão algũs mimos
inportantes Cö que vm se posa selebrar minhas
vodas
E Inda que sou serto nesta terra Com vm daqui a quatro
meses ou sinco querendo noso sennor ja Irei por Capitão
e senhor de hũ Caravelão que elle e a pesoa e fama
e fazenda se sacrificara e gastara toda no serviso
de vm e ese sera o gosto de ser tan serto servidor
e amigo e dou minha palavra que o seje tanto
mais do que fora sendo Cousa sua propia e
não enCareso mais porque não ha pa que porque
estou bem Crente e serto em vm saber esta ver
dade esta Carta não mostre a ningẽ porque
não ha pa que se saiba isto ca enCubra vm
meus segredos Como eu fizera ofereCendose os
e me cairam em minhas maos la esCrevo ao Snor
don frco de sousa seu tio e ao snor don Antonio e a frco
mas clrarmente sen particularidades algũas
vm se se corronper pola terra algũa cousa
sobre a dama de portugal e não declaro mais
porque sei que me entende vm me fara en de
fender isso Como a rezão o obrigua e ho mo
deve demais e irei mui sedo feito mercador
a essas partes donde me leva os desejos de ver
a vm e so estes e estas esperansas me sos
tentão a dama Con que fico casado he filha
do Capitão Jeronimo leitão que ate agora
o foi nesta Capitania de São Vicente não
enComendo mais isto que asima diguo porque
vivo Con vm mui Confiado a quen niso po
de o que pode e o que lhe eu desejo oje 10 de marco
de 92, quando me escrever escrevame reCatado
as mais omrras
que vm nas
suas me puder
dar e asim
Como me asi
no me escreva
bezo as maos a vm
Seu Amigo d alma
Anto do Valle de Vasconcellos
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