[1589]. Carta de Graça do Prado para seu marido António Fernandes, pseudónimo de Francisco Soares de Sampaio.

todo lume deles me levastes cõVosco pos vos não Vi mais diamte de min nem meus olhos a terão ate vos não tornarem a ver todo meu bem q espero nas chagas de deos q vos livrara mto sedo pera vos ver agora quero vos dizer novas da tera todo mundo Vos louvo a vosa ida so fiziquo mor he diogo lopes de gois lhe pareceo mal queira deos minha alma que vos soseda bem pos tudo fazeys bem feyto porque dizem pola tera q veio grandisimos escumunhois pera porem a cada nao a cada piloto vos não leve mas tudo minha vida são medos do povo e descõsolasois pera mỹ de cudar meu curacão que vos poderão impidilo caminha mas não quera deos nem no primitira fazerme tãoto mal senão levar vos a vos a salvamento he trazervos pera ho meu emparo lus de minha caza sabe meu bem a discõsolacão q me dexaste que tenho em cuidar q fostes tão descõsolado he tão sem pasiemcia he sem comer he sem beber he eu asi ho fis ate não saberes se eres partido tivi ho segredo ate sabado q estavas sempre na orta he eu cõvosco e toda caza aimda que não me pudia valer cõ jengente aveados de fora a vosa busca fis ho que me mandastes em chamar nuno velho perera disilhi tudo como levavas so travesado seus negocios he por esperar por eles vos vierão estes trabalhos pregumto me ho q era dise Eu q não sabia mas bastava ser quem sois pera não esperar desafromta nem dezomras levamtadas pola vos do povo diseme q fazeis como quem sois que couzas d omras doi mto q ele emxergara a mesmo dia no voso rosto fes me grandes hofericimento na fazenda he na vida per vos meu bem faria tudo no dro do depozito disime que dise quoamdo quizese que tinha mto mais ao voso serviso ho mesmo dia que Vos foste meu bem me fes a mora de bibi hũa rapazia no quoartao q lhe emprestase mandey a tarde por ele não mo quis dar que vos queria emtregar na vosa mão ho do voso capado mandey lhe dizer q estavas na orta cõ grandes febres q mandavas pedir ho quoartao la pera irdes a são João houvir misa mando me dizer q não queria dar por sete ou oito vezes no mesmo dia ho mandey la não mo quis dar he por desimular dexe estar sabado se rompeo por toda sidade q eras ido perque mta jengente forão a orta em busca de vos sesta fera he Eu no mesmo dia que vos fostes escrivi hũ cito a amrique nunes em que lhe pedia se fose jengente la ter a orta q disese q estavas la cõ grandicimas febres la demtro he eu cõvosco e lhe dise mais que hou estavas em caza per vos não poder valer das partes por iso buscaria ese remedio nem propio amrique nunes lhe dey emtemder que eres embarcado ele fiquou cremte do que lhe mandey dizer q se disese as partes quoamdo la ia todavia quoamdo ele vio que ia jengemte he os canaris chorar ao sabado q vos não acharão toda tera dia que eres embarcado veu se ho sabado de la cõ mor presa minha irmã cõ ele he cõ iso fizerão a Jemte mor barborinha em crer que eres ido he todos me mãdarão pedir seus papeys he eu respumdia q estavas em a goadelupe armamdo a igreja he fiquarão algũs tãto cremte por iso cuidarão todos q vos não eres ido he não cabavão de crer q eres ido porque Eu não queria dalos papeis pos vos imda estavas em a goadelupe Veo qua diogo lopes de gois ho dumingo pedirme q emtregase hos papeis todos a elle q ele daria as partes porque perderião sua Justica se os não dese por isso hos emtrege todos ate q ho levase tãobem minha alma se soa pela tera q segũda fra na audiemtia Vos derão Juramto se vos ias pera ho reyno he vos juraste que não he que foi juramento falço quoamdo me chegarão iso as horelhas não me faltou mais q emdodeser respomdi a quem mo dise que tamto Verdade jurase todos como Vos jurastes porque segunda fera não estavas pera ir nem tinhas tinhas detriminacão nem maginacão deso nem houveras de ir mas que quĩtafera Vos espretar deos he tomarvos saudades de purtugal pera irdes Vos ver cõ fernão d alves d oulivera que tamto dezejavas de vos Ver cõ ele polas cõtas de jurze d oulivera que so por iso hias a purtugal numqua dei ma is cõta de mais nada a nimgem porque na prasa hũs dis hũa couza he outros hotra he cada hũ cre ho qui quer he per muito q digo numqua dizem nada serto nem se atão em nada por iso hũs crem he outros não he muitos dizem que tudo he mentira pos que a propia parte não crama que sou eu q se isto for for asi que houvera Eu de cramar nem vos houvera eu de deixar hir e tamtas vigitacois que tenho em caza asi de molheres cõmo de homens para Ver se me houVem algũa palavra de bouqua cõtra vos mas elles todos se emganão cõmigo que amtes perderia a vida he o tiraria so por cuidar que vos niso daria gosto asi em auzemcia como em prezemcia que vos agravar meu bem todo porque cõfio na mizaricordia de deos meu amor de vos trazer diamte de meus olhos cõ todas vosas honras he voso credito pos fizestes hũ feyto tão afamado como foi irvos he muitos vos tem em bem he dizem bastava teres samge para fazerdes couza tão asertada inda ha na tera quem diga que vos vio sesta fera em pamgi e outros q estas escõdido em nosa snora da graca he de mtas maneras cõtão he eu minha alma cada ora tenho hũa truação he recebo hũa bombardada no peytos em dizerem q estais aqui escõdido que vos não podeis embarcar mas cada hora não tenho mais alivi que mandar em busca de diogo lopes se vos embarcastes he destes a vela pergumtolhe mais vezes q palha não tem hũ bicho mas Eu fujo q illo todos hos dias buscar sinquenta vezes pera pergumtar noVas vosas porque hos meus olhos não descamcão não berão Ja sego vos ver he se tiverem algũ alivio sera cõ houvir minha alma novas he letra de vosa mão como comes Ja he estais ja descamcado he livrado de mão de vosos imigos emtão tirare ho baJu que me vos dexastes no corpo não cudes meu bem que vivo nem susego nem sey durmir nem comer nem ler numqua sosego estes holhos e todo cozame que he so em cuidar em vos que quoamdo a Jente de fora falão cõmigo a mister houtra pera me espretar porque não ouso nem emtemdo Ja a jemte e omde ponho a mão ali me esquese de feycão q não sey mais tirar por iso minha alma que tal poso eu estar tenha me deos de suas mãos me ramede todo este mal cõ me dar esperamsas e vida pera vos ver he depois de vos de vos ver emtão mora eu logo he viverey cõsolada em cuidar q acabey diamte dos vosos olhos he cõfio em deos que vos ey de ver tornar na volta destas naos pera quebrar hos holhos de meus enimigos he enimigos por os trabalhos todos se Jumtão a me vir veer so para crerem minha alma q por estar de mim auzemte dixerão me tãobem q Ja escumunhois sobre voso fato sobre quem no levava que quoamdo vos não pudesem tomar q visto mal e todo voso fato he que vos troxesem em colos de cavalero pur iso minha alma olhai que fazeys pos cõmetestes hũ caminho como este fazey por acabardes na empreza e bem dela he fazerdes todo posivel por iso porque todolos vosos inimiguos tem esperamca de vos ver tornar cõ mais trabalhos do que fostes he fazem grãdes apostas que he empusivel escapardes as escumunhois que an de Vos fazer tornar pera qua cõ mais trabalhos do que fostes do que não aves de chamar hem nhũ que vos quera levar minha alma fazey meu bem todo pusivel que vos não VeJa la ningem pera nhũa manera Vos vejam minha lus mu espelho nigem fazey muito por irdes embora fazer a Jornada que fazeys cõfio em deos q sera muito boa so por não dar gosto a vosos inimigos não saibão do voso fato nem do vosos mosos nem vos veJam polas chagas de Jus cristo que vos saibares goardar digo negar he governar des destas couzas pos são de tamto pezo não vos fies de mtos porque as vezes hos amigos q não tem sange nem homra nem primor mostrão se amigos he são inimigos fiaivos d omem homrado que tenha samge volho porque por deradero ho sange d omem nobre da de si por iso fiaivos do snor do snor deos que ele vos emcaminhara cõ a verdade tãobem vos digo que vos fies do snor deos Jão de toar caminha que vos leve he eu cõfio na sua nobreza he quem ele he que ho fara cõforme vir quoamto deve de fazer por homes tão homrado como vos poderemVos ajudar todos he favorecer he Eu não terey houtro hofiçio mais q pedir a deos pola vida do snor João de toar caminha pois avendo nos de nos fazer esa mera hoJe segumda fera Veo amdre fez ho provizor cõ todolos hoficies da meza he escrivão he valiadores he valiadores a escreverem vos ho fato heu cramey he dise que não eras judeo pera escreverem Vos ho fato porque ho fato hera todo meu diseme q não falase porque a samta meza mandava asim escreverão todo he tudo asentarão cõ juramto que me derão derão me meu cunhado por depuzitario amrique nunes de tudo move e fato he cõnhesimento he tudo se deo a emVemtario hos nosos livros escreverão estava diogo lopes de gois de prezemte he fiziquo mor he simão fez he mais jemte que se ajumtou a ver fazer ho emvemtario hos nosos livros escreverão amdre fez levava sete porque cramey q não nos levase de me hũ cunhisimento deles simão pereira se levamto cõ outros des he diogo lopes de gois mostra ser hũ grande voso amigo levou os que queria diseme que me daria hũ chito deles diogo lopes de gois mostra ser hũ grande voso amigo em vosas couzas todas he fas me grandes hoferecimentos na vida he na fazenda cõ os olhos mostra quoamto Voso amigo he escrevi hũ carta a amtonio de morais em que lhe dezia pois ate agora me não tenha mandado Ver nem saber novas de mim que polas chagas de deos que lhe pedia mizaricordia que escrevese largo ao capitão mor que não ja hoje não ia bilha que hobrigo deixar de vos levar nem por couzas de igreja nem por nada lhe impidimento que nestes navios lhes escrevese tres hou quoatro cartas aserqua de vos levar he do meu descamso ele me respomdeo por carta que ho faria asim he que Ja tinha escrito aserqua diso tãobem que avia d escrever a madrid a dona frca d aragão aserqua se m ouveras de mister mandei chamar dumingo ho fiziquo mor he diselhe que ali tinha hos papeis de Jorze d olivera se me quiria fazer merce de os tomar para me dar hũa quitacão pera vos mãdar diseme q não pudia dar como avia de dar a quitacão ate não velas cõtas que as não tinha tomado nem sabia ho que somava divendas q não pudia acabar aquelas cõta demtro nhũ mes Eu vi me aterbulada mandey chamar diogo lopes de gois pidilhe q pidise ao fiziquo mor q houvisi as cõtas que lhe daria diogo lopes de vosa parte rogelhe q fose fechar cõ ele no mesmo dia que lhe pidi quoãdo me ele vio tão emfadada chege lhe dizer se o avia polo dinhero q restavas diver que eu vemderia as cazas he a vida por nos tirar a pas e a salvo por iso q me dese a quitação q eu me oubrigaria a dar hũ conhisimento em que lhe pagaria tudo que restase diver pelas cõtas dumingo acabarão Ja noite feychado as cõtas dise me diogo lopes q restavas diver mil he duzemtos he tamtos pardaos heu obrige me a dar hũ conhisimento de tudo q devese ha tirar a pas he a salvo ate me pasa la quitacão que diogo lopes tãobem duvidava a me pasar mas pacarãome por tres vias tomey he fis tres quitasão per mandar ho reyno duas por duas Vias he hũa a vos minha lus cõnhesey q couza são negros horgisa me quiria mandar sitar polos trezemtos pardaos que devias he sammana polos duzemtos molher de manoel quaiado Ja cõ mandado pazado para me pinhoralas cazas eu faley cõ diogo lopes diseme q não houvese medo q tudo era nada ho surgisa he samana cada hũ me quita ha metade da divida porq hos mandey chamar dise q não houvese medo não desesperase de vos vir a esta tera porque eu me hobrigava ha todo tempo q elas quizesem buscar para lhe dalo dro pasey cõnhisimento como Eu hos devia he lhe daria tãoto q ho tivese heles me diserão q manoel de sea lhe cõselhara q pasase percatorio q mandase a couchin embargarvos a ida troxerão me ho percatorio feyta he mostrarão me he eu lhe dise quoando não tivera cõ q pagar q vemdera ha carne vẽderia no asoge pera satisfazer Vosas dividas per iso q vos não pregijase nem disese mal de vos por fora he que disese perto dos baniares quem tinha algũa coza ho se devias algũ dro a algem que vos não pragejasem nem disese mal de vos q eu queria pagar vosas dividas todas he eu queria obrigarme a pagar q vos não mandase nimgem percatorias porq tinhas quem vos pagase por vos da que eles todos tinhã perdida esperamças de Eu pagar polo que houvião polo povo q não era Eu vosa molher nem tinha hobrigacão de pagar Ja nada quoamdo me elles houvirão he me virão ho rosto ficarão pasmados das memtiras do povo he eu lhe dise que avias de vir na volta destas naos fazendo dos baniares mto serviso por iso não cuidase q vos não avião de ver perque avião vos de ver muito sedo tornar cõ muitas homras do rey he cõ voso rosto descoberto mostrando como mentião todos he so vos falavas verdade he todos dizem por hũa boca se acabardes na impreza de vos ir q a mister q vos ponha hũa coroa he vos farão logo rey de todo mundo he vos minha alma hois por ho serdes dona ana me veo ver mto quexoza de vos como lhe não dexavas hũa escrito nem na fostes ver nen da vosa bouca houvira q levavas gosto de Eu ficar la pru vida minha q lhe escrevais carta mto largas de mtos perdois he que mandes a seu irmão pera me mandar juntamte cõ as minhas pro vida vosa q me escrevais largo de tudo que pacardes la se comes ja cõ mais gosto he tudo q vos soseder me avizai porque lhe sera meu alivi he minha cõsolacão ate vos ver fis muitos partidos a pedro china pera ir la cõvosco he vos levar ho que vos mando que he hũa cama colcão cõ seu travisero de damasco azul he duas almofadinhas marada nhũa alcatifa de dias he troxa das camizas dos cõ voso Jubão de tafita roxo he vosa gualtera he hũ pares de botas que qua fiquou he vosa he duas caxas de mangel real que vos dexastes porque eu sem vos meus olhos não poso coza boa tãobem vos mandava a gaiola de perdizes diserão me q não pudia levar por iso não vai fazey boa cõpanhia de pedro china q he bom mozo he amorozo proque cõpadeseo de mĩhem ir omde vos estais cõ Eu lhe dar tudo que me pedio de dinhero quoamto ele quis he pagarlhe toda sua divida cõ esa cõdisão vai he eu meu bem minha luz minha claridade meo espelho meu bem todo tudo daria he tudo faria he a vida primcipalmte por vos he por todas vosas couzas zabel da fomsequa me dis que escreva seu marido q vos leve que não seja nada ha beistamte nem escumunhois parte polo dexar de fazer por iso minha alma vos sois avizado he fazey ho que bem emtenderes he vos vier milhor disime amtonio de morais q escreveria largo capitão mor q vos leve salvarte se for la escumunhois por iso olhai de quem vos fiais he vede ho que vos fazeis não vos digo mais aimda que me decerão que quoamdo for cazo q não vos puderes embarcar q rapes a barba e tomes hũ abito de frade he fasais hũa coroa he feito frade Vos embarqueis de noite escrevo largo a purtugal a vosa mãi a voso irmão por simquo Vias he em duas vias mando a quitacão do fiziquo mor a vosa mãy he lhe digo q quebre hos olhos a fernão d alvias he pur hũa Via vos mando a vos olhai pru vida vosa q fazeys he ide a purtugal em todo cazo por quebrar hos olhos destes peros. as mininas Vos mandão beJar as mãos q porão suas forcas por emcomendar a deos por vos he eu quoamdo não puder emcomendar cõ a boca farei cõ dar nestes peytos ate Vos trazer diante destes olhos meu remedio desta vosa que muito vos quer he querera ate a morte meus olhos he deus vos emcaminhe ho caminho dereito he vos leve a salvamento como Eu dezejo