PSCR3394
1578. Carta de Álvaro Correia, criado, para o licenciado Clemente Félix, .
Autor(es)
Álvaro Correia
Destinatário(s)
Clemente Félix
Resumo
O autor ameaça de represálias o destinatário e os seus aliados caso lhe não entreguem a mulher que ama.
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Ao Sr Ledo Clemte felix
q ds gde
De tras da See
Snor Ldo Clemte Felix
Muito me peza de que Vm tomaça o neguosio da sra
lianor mendes tanto a peito pera contra mim que
se fora comtra outrem era bem feito mas contra mim
alhe a Vm de pezar mto pois Vm sabe q eramos mto
amiguos e que tinha Vm obriguasão e não se ouvera
de mostrar tão furiozo porq estou muito azedo e
e ei de espirrar e bem ja que dizem q eu que vendera
a Bento frz hũ banqual de seda mte quẽ o dis mas
emfim diguão mais que eu direi tãobem mas se
eu o ouvira por xpo que com hũ pestolete avia
de responder que fasso votto soleni ao santisimo
sacramto de lhe dar tanto em que cuidar a Vsms
todos quoanto se vera q eu estive em caza e sei
muita couza y eu venho aguora porque manda
rão saber a minha terra se andava eu lla por iso
vim que quero estar ca mais pertto e mais que he
aguora tempo de virem as naos da india que tenho mta cou
za que fazer com ellas que ja que eu furtei seda al
guẽ furta tãobem bizallos de diamantes e outras
couzas mtas que vem em comfiança i eu serei parte
niso q tudo sei e as vias se abrirão na fazda d el Rei
menistros seus que pois eu queria como quero a sra
lianor mendes sem nada e asim a tomarei e
quererẽ Vs ms estrovar o que ds ordena ou o diabo a fe q andão
Vsms mto mal e cometerẽ comserto quererẽ comprar desomrra por
dro por nosso snor deçe fazer hũ cazo este que so he em todo
o mundo que Vm e todos os mais aõ de areneguar da
festa e não cuidem q tenho feito pouquas diligensias
q eu fui ao porto soube muita couza e não quero di
zer nada e la falei com franco d aguiar e vim por
coimbra aonde achei os mestres que ensinarão a Vm pe
lo que diguo que çe Vs Ms me querẽ dar esa sra lianor
mendes que eu i ella faremos quantas escreturas publicas
quizerẽ em como em ninhũ tempo procuraremos couza
algũa o faremos que ella e se aguora diser que não ha pe
lo medo que tera que não quero mais q ella esburguada
senão alhe a Vs ms de pezar muito que pla santissima
trindade prefeita e acabada que venho com ifeito de
comer com trombettas ou a morrer emforquado que qto de
larguar o nego bem se podem desmaginar porque ei de por
a vida por ella que tirando de dizerem que fui criado
de caza o mais bom esta e se eu emtendera que perdia de quẽ
era em servir outrem não servira ainda q ha criados que
são milhores que seus amos plo q tomem seus comselhos e asim
lho requeiro da parte de ds e senão ha de ser sua desomrra e
sua perda e alhe de acontecer tamanho dezastre que çe
aõ de ver no dia em que naserão e a Vm q lhe ei de fazer
dar hũ salto de mata e lembro a Vs ms q aguora tra
guo quẽ falle e fassa por ainda que ate aguora
o não tive e mais que ei de passar pella portta
se quizerem darme a sra lianor mendes so sua pesoa
a pero guomes que digão por escrito o que querem
que fasa ou se querẽ falar comiguo diguão aonde
que virei antão nũqua a vejão se lhe eu vier
porta atirẽme a espinguarda e senão prometo a
Ds de dentro de tres dias verẽ o como ponho os negos
estimarei tenha Vm muita saude e me peza de
emfadar a Vm com tantas reguas ds gde a Vm
desta sidade
Alvaro Correa
e se eu cheguei a fazer esta carta
e plo q hachei no porto soube
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