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Maarten Janssen, 2014-

CARDS6313

1828. Carta de Catarina Maria para Miguel José Francisco, proprietário de casas.

ResumoA autora informa o senhorio de que partirá e pede que lhe passe recibo do pouco que paga.
Autor(es) Catarina Maria
Destinatário(s) Miguel José Francisco            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Miguel José Francisco, porta-voz da sua mulher, Maria Águeda da Encarnação, moradores na Travessa das Salgadeiras, disse que Pedro António da Silva, padeiro e dono de uma fábrica, difamou Maria Águeda repetidas vezes, inventando "vergonhosos procedimentos" que ofenderiam a honra de tal mulher, bem como do marido. Determinou-se que, em 24 horas, Pedro António da Silva deveria assinar um termo de bem viver, e não ofender nem falar, de maneira alguma, a Maria Águeda, marido e restante família. Caso não o fizesse teria de pagar 200 mil réis para obra e ser degredado por 4 anos para África. Pedro António defendeu-se dizendo que Maria Águeda era dada a mexericos e a intrigas entre os vizinhos. Acrescentou que o marido de Maria Águeda tinha inveja dele, pelo facto de o negócio de padeiro estar a correr bem. Tudo o que dissera acerca de Maria Águeda não era mais nem menos o que ela própria dizia à janela, para a vizinhança. Maria Águeda, no entanto, afirmou que o réu chegou a ir a casa de Joaquina Rosa, amiga dela, para lhe pedir que aliciasse Maria Águeda a marcar um encontro íntimo em casa de Joaquina, servindo esta de alcoviteira. Para este fim ofereceu-lhe dinheiro, mas Joaquina recusou. A autora acusou-o ainda de ser difamada pelo réu, ao dizer que ela estava envolvida com um capataz. Consta do processo que a maioria das testemunhas confessou ter sido comprada pelo autor, coisa que o réu procurou provar ao entregar as cinco cartas inclusas no processo.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra P, Maço 1, Número 26, Caixa 3, Caderno [1]
Fólios 194r
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

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Miguel Joze

Estimo as suas felicidades igual toda a sua familia Snr estou rizolvida a sahir das suas cazas pois me asim he nesecario pois quem não pode procura mais em conta pois me axo na triste situasão de não ter qua meu marido e asim relativo a sua renda não porcizará ter aflicão pois não faco tenção de a ficar car devendo pois espero o meu homen nos fims de janeiro q a ha de trazer e quando asim não seja eu a pagarei se não for todo junto sera a metade pois numca fiquei devendo nada porem parasendome q o snr fará o favor de esperar athe este tempo he o motivo por q não dou fogo a alguma couza de caza q ainda tenha ese Valor mas faltando eu athe ese tempo darei fogo o q eu quizer para completar a minha palavra pois por ora he quem paga sou eu o meu marido q tem todo o poder e tudo mais he em vão pois ninguem lhe importa com pois meu homem eu todo o poder e de mim faz de fedelidade e asim o snr fará favor de reseber moeda i meia e mandarme hum leve resibo para eu mandar ao meu marido pois he de hum dineiro q me ele mandou e para ele ser siente q não foi todo para minha pasage he o motivo q lhe peso este favor e o snr perdoarà e mais todos da sua caza todos os escandolos q tem de mim e tambem de lhe eu remeter tão pouco porem he Vontade de pagar relativo a Xave no dia q eu sahir lhas entrego juntas q sou mto terivel não poso o não quero fazer o contrario

Desta q lhe he obrigadisima Catherina Maria

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