Snr Francisco Anto Borba
Amo e Snr Rce a sua q mto estimarei; e vejo o q me diz
a respto da pinhora; acho tudo mto acertado; mas lem
bro-lhe somte q os generos q pinhorou não podem che
gar pa pagamto da divida, pelo preço actual delles;
pois q sendo esta de trezentos mill rs o producto dos ge
neros embargados julgo q não chega pa isso; porem
o remedio he facil fazendose novva pinhora, no cazo
de não chegar. O meu Procurador no Porto, he João
Ferra de Nováes Ribro, ao qual escrevo hoje pa q se cor
responda com Vmce, se assim for percizo; portanto
sendo necessario pode dirigir-se a a elle, e se Vmce poder
remeterlhe 2315 em porte da Executoria q elle tirou
no Porto, me faz nisso favôr, pois q eu o não posso fa
zer por óra pela falta de dinro em q me acho como
Vmce bem sabe Se o Corregedor nos fizer ahi alguma
injustiça queira Vmce avizar-me logo pa eu me quei
xar ao Regedor das Justiças, q he meu Primo Fer
nando Afonço Giraldes.
Emqto aos Recibos q ma cunhada diz q tem
na sua mão pa se lhe abonarem, he uma evidte im
postura; pois antes pelo contrariario ella tem de menos
dous recibos q eu lhe devia passassar, de vinte mil rs ca
da um q remeteu pa aqui ana minha Irmãa pa
ella me entregar, como por mtoto favor; e como me não
escrevia a mim, por isso não passei os Recibos; óra aqui
tem o q he verde; porem advertindo q na conta q
remeto vai incluido este dinro, porq eu sou mais
honrado q ella. Da ditta conta pode Vmce tirar um
extracto a limpo sendo necessario.
Emqto à Composição, não tenho nenhuma q
fazer senão q me pague e digalhe mmo da ma pte q
escuza de fallar em tal porq são palavras perdi
das; q me tem escandalizado de tal sorte, q não
quero nem verlhe a sombra; e por isso rogo a Vmce
q não tenha com ella a menor comtemplação e q le
ve tudo á risca. De tudo qto passar me avize prom
ptamte, e veja se faz dinro, porq a ma percizão
he a maior q se pode imaginar
Emqto a meu Irmão João, o q elle me deve
são trezentos mil rs q vão vencidos no ultimo do prosi
mo Dezembro pois estou pago ate ao anno de 1818 in
clusive; falta portanto 1819, 20, 21 q a cem mil rs
por anno faz a conta asima. Não o poupe, e aperte bem
com elle.
Ora fico esperando anciosamte as suas notas
e prompto sempre a mostrarlhe q sou seu
mto e obr Amigo
Alpuim
Aveiro 22 de
Outubro 1821
Estou
pago das mas mezadas, ate fins de Julho de 1820
Rce 60.000 rs por tres vezes, vinte doos quaes foi por via
de Vmce Recebidos 60.000
Desde julho de 1820, ate dezembro do prezte anno de
1821, vão dezoito mezes, q a vinte mil r cada um em
portão em Reis 340.000
Abatidos os 60.000 acima dittos. 60.000
Resta-se-me. Reis 280.000
Metal
NB
Digo ate fim de Dezembro do prezte
Anno, porq tanto a Sentença, como
a Escriptura de Composição, mandão
pagar um trimestre adiantado.
Francisco de Alpuim de Menes