Snr Joaqm Pulquerio do Couto
Recebi a sua carta de 28 do corrente; e nella a certeza de q
passa bem, felicidade que estimarei lhe continue.
Nada me ademira que o nosso Corel queira perseguir
a Vmce visto que o seu caracter sempre tem sido o de disgrassar
os seus subditos, e principalmente aquelles em quem conhesse
alguma agelidade, e capacidade para lhe conhecerem, e a
nalizarem os seus procedimentos, todos tendentes a peci-
mas, e terriveis consequencias: fassa Vmce toda a deligencia
por se evitar de lhe cahir debaixo, pois eu ousso dizer a todos q
elle faz as deligencias de o perder. Em quanto a atestação
que Vmce me pede (sendolhe preciza) sobre eu dizer que no tempo
em que Vmce aqui esteve com o Coronel d Aboville nunca exce-
dêo as funçoens de seu interpetre, e que nunca fez mal a pes-
soa alguma, e que mesmo nos principios do mez d Agosto
em que o General Loisson aqui veio com a sua Devizão Vmce
acompanhara ainda o ditto Coronel, estou prompto. logo
que receba a o seu avizo; pois q não obstante estar eu capa
citado, de que foi Vmce a origem da intriga de Vicente com-
migo, há tantos tempos, pode ser por lhe fazer a vontade
comtudo estou prompto para dizer a verdade do que assima
se trata, por tudo ter succedido assim.
He verdade que a minha Patente está promp
ta, já chegou, e eu sentei praça em 21; porem os Offes
seguindo os detames de seu Mestre, fizerãome o que a seu
tempo eu farei publico em Portugal, assim como os mo-
tivos que os obrigou a hum tal exccesso.
Vmce me fala sobre estar na horta de S Paulo, e em
que falou ahi á familia do Franco; porem não sei, o
a que vem isto, nem o para que me fala sobre as tropas
Francezas que ahi abarracarão, e pois que ignoro o motivo, Vmce
mo esplicará sendo precizo fazer eu menção d alguma coi
za, que ahi succedesse, ou nos outros lugares em que os
Francezes ficarão fora d Elvas, sendo verdade estou pto
Dezejo ter occazioens de obezequiar.
Ds Ge a Vmce ms as
Elvas 4 de Dezembro de 1808
Seu mto Venerador
e Criado
Fortunato Joze Barreiros