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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1200

1586. Carta de Duarte Serrão (ou Duarte Oliveira) para o seu pai, Diogo Dias (ou Mestre Diogo de Moura).

ResumoO autor dá notícias sobre a sua viagem e instruções sobre assuntos pessoais.
Autor(es) Duarte Serrão (Duarte Oliveira)
Destinatário(s) Diogo Dias (Mestre Diogo de Moura)            
De França, Orleães
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Processo relativo a Diogo Dias, referido como Mestre Diogo de Moura, preso pela Inquisição em 1588, acusado de judaísmo. Em jovem, Diogo Dias, aliás Mestre Diogo de Moura, aprendera a sangrar no Hospital de Lisboa com João Dias; na altura “agasalhava-se” em casa de Pero de Alcáçova. Aos vinte anos fez exame para cirurgião e passou a chamar-se Mestre Diogo. Esteve um verão e parte do inverno como cirurgião da Armada; em seguida foi para Mértola, de onde a mãe era natural, e casou com Branca Luís; depois, esteve cinco anos nas galés da costa do Algarve e na altura tinha casa em Tavira. Em seguida, foi para Moura; onde esteve como cirurgião, tendo também uma loja de panos. Em Moura viveu vinte a vinte e quatro anos. Posteriormente viveu em outros lugares (de passagem) e por volta de 1584 mudou-se para Lisboa.

A presente carta, bem como uma outra que não se encontra no processo, foi usada como prova incriminatória contra Diogo Dias. Tinha sido escrita em Orleães, "a caminho de Nantes", em setembro de 1586, pelo seu filho Duarte Serrão ou Duarte Oliveira. No interrogatório, o réu foi especificamente questionado sobre a quem se referia o seu filho quando mencionava na correspondência o "judeu de Veneza". Diogo Dias (Mestre Diogo de Moura) respondeu que na carta do filho não surgia o termo "judeo" mas sim "indio" e que o filho se devia estar a referir a um Álvaro Mendes, assim chamado porque estivera na Índia.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira face e com o sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 12375
Fólios 4r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2312577
Socio-Historical Keywords Teresa Rebelo da Silva
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2016

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Ao snor Mestre diogo de Moura a sã Joã da praça junto da botica e Pode sse dar a sora Isabel machada q vive em hũa tenda entre as portas da Ribra En lisboa Meus sores snor pai

Despois q escrevi a de Nante mudei o pareser e tornei a Paris em tensã de ir a Roma como de feito dahi fis o caminho pera ir la e fis oitenta legoas alẽ de Paris e per causa da peste de deixarẽ entrar a alguẽ em Piamõte nẽ em Italia e per outros resptos tornei a Paris e ao presente estou em o caminho de Nante e se puder tomar os navios q estavã pa partir yrei a lugar de espanhas qual me pareser q por ora digo qual sera porq conforme a enformasão que tiver assi o ei de fazer e sera a aprender o q dito tenho dahi buscarei meo pera lhes escrever os xxx/ mil da letra de frco roiz açertei em letra pa me serẽ dados em Nantes os livros vendam todos tirando os textos de leis e Canones e os dous cartapacios de minha letra do q ouvi em Coimbra creo lhe darã mais do que deixei escrito porq de qua poucos e Manoel roiz deve os 2600 esta nesse Reino mas he natural da beira pode sser estee la e cõtudo parese me q deixara de vir a essa Cidade per q he pago do serviço q servio a frco giraldes embargador q foi de portugal em Paris e he alfaiate podesse ser este cozendo nessa Cidade como obreiro. sinete pa asinarẽ as cartas com as letras q quizerẽ sendo em latão ou cobre lhe custara Lta rs tenhã no fico de saude Ds seja louvado e em suas bencõis me encomendo de orleans a 6 de setro 86 Saibã de baltezar lopes se lhe escreveo ball Manoel gomes q hia eu pa espanha e dizendo lhe q si diga lhe q tal diga porq nẽ em espanha quero q se saiba estar eu antes diga ao mesmo baltezar lopes q Vs te tẽ novas estar em Roma ou aver Ido a Italia De seu obediente fo Drte serrão


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