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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0750

1730. Carta de Isabel Gomes da Veiga para o seu marido, Manuel Soares de Vasconcelos, capitão de quadrilhas.

ResumoA autora escreve ao marido após ter sabido que ele publicara banhos para se casar com outra mulher. Pede-lhe que volte para ela.
Autor(es) Isabel Gomes da Veiga
Destinatário(s) Manuel Soares de Vasconcelos            
De Brasil, Rio de Janeiro
Para Brasil, Salvador da Bahia
Contexto

Manuel Soares de Vasconcelos foi acusado por crimes de bigamia depois de a sua primeira mulher ter tentado saber o seu paradeiro várias vezes ao longo de vinte e dois anos de ausência. Isabel Gomes da Veiga soube pelos banhos que o seu marido se casara novamente e escreveu-lhe duas cartas, uma em 1730 (PSCR0750) e outra em 1733 (PSCR0676), respondendo-lhe já da prisão Manuel Soares em 1734 (PSCR0675). As cartas foram incluídas no processo como provas de que o réu sabia que a primeira mulher estava viva quando se casou.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 7762
Fólios 41r-42r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2307848
Socio-Historical Keywords Mariana Gomes
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2016

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Meu Marido Do meu corassão e meu Snor nunqua Cuidei que foçe tão podoroza a fortuna; pa darme não hũa vida morta no descursso de dezoito annos de sua auzençia e companhia; como tão cruel Golpe que nesta ocazião por mim passa com a notiçia que tive dos banhos que vm mandou a esta terra pa se cazar nessa terra donde se acha; que sertamente me fiqua trespaçada Alma; suposto que podera descontar esta Lancada com o gosto das suas notiçias inda na forma Referida; emfim neste ponto se Deus não fora servido manterme os espritos; com a esperança em q sempre me sustentei de o Ver restituido a verdadeira Companhia de ssua mulher; sem duvida; comseguiria vm o seu cazamento com a serteza da minha morte; nesta, ocazião, que se vm cuidara, como eu fis sempre desde q perdi notiçias suas; diligençia de as ter de ssua pessoa; tanto por repetidas cartas; e duas precatorias q mandei; as minas; e ainda aos corais da bahia no lugar chamado pandeiro; domde me sertificarão assistia vm retirado das minas; tivera vmce a serteza; e lhe fora escuzado; a deliberassão de cazarsse o menor descuido, no sseo amor; e menos soube mansillar, e ofender, a honrra com que cazou com vmce; procurando inda comservar essta com a maior pobreza, e nessecides achaques que molher nehũa tem esperimentado;

Ora Meu Sr q Deus foi servido susterme a vida, e dar me notiçias de vmce sirvaçe pello amor do mesmo Sr e pella piedade de ssua Mai sanctissima Vir viver com sua Molher; na terra donde vm Cazou conçiderando; q nem o meu amor lhe meresse, o contrario nem a llei de Deos o primitte; ainda quando nehũ empedimento; tem qua q lho emcontre; porq sigurandolhe q na materia da honrra não tem nada que o desgoste dividas vm as não deixou qua; porque inda Algũa q vm fizeçe nas minas com o cappam Marcos da costa este morto a deis ou douze annos, sem declara declarassão Algũa no seo testamento; de coiza q lhe deva, porq assim o tenho averiguado con serteza;

Eu de prezente me acho assistindo com minha Irmã Branca; e seus filhos na companhia, e fazda do coronel Joâo de Abreu Pra cazado com a Snar Dona Escollastica Frra Cujo sugeito hũa das peçoas mais gravez desta terra; fo do Coronel Balthezar de Abreu Cardouzo q Deus Haja; que vmce mto bem conhesseo; que com a morte deste se descubrio Algũa Rezam de honrra pa mim; que me obrigou agregarme a este Cavalheiro, sigurandolhe que sempre procurei as cazas mais honrradas para ampararme, en suavizar, minha tão dezestrada fortuna pobreza e emfinitas neçeçides: que no q respeita ao meu proçedimento suposto era escuzado Justificarme nelle; reportome a hũa sertidão que vm verâ, de serteza de eu não ser morta; q como seja pasada por pessoa tão grave, e con tantos Respeitos e caprixos, e con rezoins de sangue por fortuna minha não me nessecro mais para meu abono, e honrra;

Ora meu sr da minha Alma, todo o meu bem, uniquo emprego, do meu amor, doeivos das minhas Lagrimas, suspiros saudades affliçois Pobrezas, e proçeso infinito de penas em que me vejo em tão dilatada auzençia vossa; bastem dezoito annos de martirio; vimde viver, como Deus manda, na companhia desta disdixada que apetessçe ver-vos, e emterarse; Lembrandovos dos caprixos com q me estimastes, e as adoraçois com q me estremesso; em querervos, e apetecer a vossa companhia assim espero de paixam de christo snor nosso; por qm vos peço este Bem; e espero brevemente, muito mais Letras que as podeis Remeter por via do mesmo sugeito que mandou qua a delligca dos banhos, Remetidas a Jozeph Carvalho de olivra e pa maior serteza e sigurança; pondelhe soubre capa na carta que me mandares ao coronel João de Abreu Pra como tão conhesido nesta terra me serâ entregue sem descaminho; quanto mais que apeteço e espero sem duvida a vossa pessoa; a qual me gde o Çeo mtos annos annos como quero Rio de Janro 12 de 8bro de 1730 @

Snor Manoel Soares de Vasconsellos De vossa Molher saudoza leaL e amte Izabel Gomes

Esta vay remetida por via do Tente Coronel Dor Jose Tavora e por elle mesmo se quizer escrever o fassa.


Legenda:

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