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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1819]. Carta de [Francisco Xavier de Lima] para uma destinatária não identificada.

ResumoCarta de um apaixonado à sua amada pedindo desculpas pelo desencontro.
Autor(es) Francisco Xavier Vieira
Destinatário(s) Anónima3            
De S.l.
Para S.l.
Contexto

Francisco Xavier foi indiciado, juntamente com a sua mãe, Joaquina Maria, e com António Feliciano, num assalto à casa de João de Oliveira, guarda da cadeia da Corte, situada no pátio das Parreiras, em Lisboa, no dia 27 de dezembro de 1819. O réu foi acusado de furtar alguns bens, entre os quais uma farda do filho do guarda, que era soldado de infantaria em Peniche. Foram presos na madrugada de 28 para 29 daquele mês numa casa onde supostamente moravam, na travessa de S. Bartolomeu, cuja porta foi arrombada por um Oficial de Terreiro, Sebastião dos Paços, em presença de testemunhas, do Alcaide do Bairro do Castelo e de um escrivão. Nesta casa, foram apreendidas diversas roupas e bens, entre os quais se contava a referida farda, um livro intitulado 'Contos Arábicos' , outro intitulado 'Thezouro de Meninos' e uma caixa de pinho encarnada com fechadura sem chave, onde estavam vários papéis, anexados ao processo crime. Entre os objetos achados pelas autoridades, encontraram-se ainda materiais usados em assaltos, escondidos em diferentes partes da casa. O processo contém, para além de 8 cartas, entre as quais a CARDS0180, um desenho de 2 gazuas, de um martelo e de uma faca, uma listagem de moedas de vários países e uma relação do roubo de que tinha sido vítima João de Oliveira.

Maria Joaquina, na ausência de provas de ligação aos criminosos, foi libertada. Francisco Xavier, por seu turno, declarou-se inocente e solicitou ser solto por carta de 24 de janeiro de 1820, tendo sido ouvidas testemunhas abonatórias (moradoras na freguesia da Pena e da Encarnação, suas vizinhas), que confirmaram a sua boa conduta.

Suporte um quarto de folha de papel escrito nas duas faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra F, Maço 11, Número 25, Caixa 26, Caderno [6]
Fólios [18]r-v
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page [18]r > [18]v

[1]
eu sempre amei firmamen porque
[2]
des o primeiro mumento q a vi Jamais
[3]
se me não tem tirado do meu Coração
[4]
hum amor firme o qual ainda con-
[5]
cervo eu não a emganei estive a espera
[6]
emqto me porvio, e despois acenteime
[7]
adormeci mas se VMce chigase a portta
[8]
ella havia dar de ci eu acordava mas
[9]
se VMce veio eu não obercerevei pr esa
[10]
cauza queirame perduar prq a hum
[11]
amante q pr VMce padese não se de
[12]
ve atratar com tamanha crueldade
[13]
pois des ese dia ainda não tive huma
[14]
hora de descanso eu sou firme e po-
[15]
de espirmentar não me ha de achar
[16]
falcidade eu estou esperando a noite
[17]
de amanham

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