O padre Manuel José Ribeiro Pontes escreve a frei Simão de Santa Ana a contar a conversa que teve com mais três religiosos sobre o tema do livre arbítrio e a perguntar se tinha a obrigação de denunciar o que lá ouviu. A resposta é escrita no espaço deixado livre pelo autor (ver CARDS2034).
[1] | huma conversa com tres Religiozos de S Francisco no
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[2] | seu mesmo convento, e hum delles
proferio algumas pro-
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[3] | poziçoens, por razão das quais quero saber se devo de-
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[4] | nuncia-lo áo Sto Officio; as quais eu não saberei bem
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[5] | dizer, ou explicar-me
bem por carta; mas das respos-
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[6] | tas, q eu dava, se poderão milhor entender: Em pri-
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[7] | meiro lugar; disse elle, q sabia de mtas
pessoas, q vivi-
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[8] | ão entregues àos peccados fiando-se em q se fossem pre-
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[9] | destinadas pra o ceo, se havião de salvar; e sobre isto
não
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[10] | me lembra o q elle mais foi dizendo; e dizendo eu, q es-
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[11] | tando-se doente era escuzado chamar o medico, porque
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[12] | se estivesse chegado,
o termo da vida, certamte morria,
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[13] | e q não estando, não morria; e então elle disse q ahi
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[14] | obravão as cauzas segundas; e tambem
q o homem não ti-
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[15] | nha termo determinado pra morrer: e isto julgo ser
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[16] | aquellas palavras de Job- constituisti terminos... Disse
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[17] | , vinha a dizer q o homem não tinha Liberdade; e
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[18] | isto não sei de q
modo o disse; mas lembra-me, q outro Re-
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[19] | ligiozo respondeo q, o q elle dizia era contra o Concilio
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[20] | Tridentino; e eu tambem disse,
q se o homem não ti-
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[21] | nha Liberdade tambem não peccava: Disse tambem
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[22] | a respeito de se perderem os
meninos q morriam sem
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[23] | Baptismo- pois elles q culpa tem? - ainda q me não lembro
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