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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1673. Carta de Maria de Sá para um membro da Inquisição de Lisboa.

ResumoA autora acusa Frei Matias Pereira de ter aproveitado a sua confissão para uma agressão sexual.
Autor(es) Maria de Sá
Destinatário(s) Anónimo118            
De Portugal, Setúbal, Aldeia Galega
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Processo relativo ao réu Frei Matias Pereira, sacerdote, religioso professo e pregador da Ordem do Eremita de Santo Agostinho, natural de Alcochete, morador no seu convento de Nossa Senhora da Graça de Lisboa, preso nos cárceres da Inquisição de Lisboa pelo crime de solicitação. Foi acusado por várias mulheres que se iam confessar ao Convento da Nossa Senhora da Graça. Das acusações, fizeram parte estas: dizia às confessantes que, se não voltassem a confessar-se com ele, iriam para o inferno, pedia-lhes que lhe tocassem em alguma parte do corpo, perguntava-lhes se consentiam em pecar com ele. A sentença que lhe foi dada obrigou-o a permanecer no Convento de Nossa Senhora da Graça de Penafirme (Torres Vedras) por dez anos, dois dos quais no cárcere do convento, privado de voz ativa e passiva e do poder de confessar. Teve cinco anos de suspensão das ordens e ficou impossibilitado de entrar em Évora, Avis, Alcochete e Algarve.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 83
Fólios 93r e 94r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2299953
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Leonor Tavares
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Sandra Antunes
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2009

Page 93r > 94r

[1]
Snors inquizidores
[2]
Apostolicos

Obriguada da minha consiensia q trazia

[3]
carreguada comoniquei com o meu confesor
[4]
pesoa grave e douta o cazo de q dou conta a
[5]
Vmes e he o seguinte pedindolhe me dese o reme
[6]
dio conveniente asi a minha consiensia como a
[7]
minha opinião por ser como sou hũa mosa don
[8]
zela nobre que vivo maiores os meos maiores
[9]
e me não foi nem será posivel Remediarme nou
[10]
tra forma neste cazo
[11]
[12]
que avera seis ou sete annos pouco mais ou menos confesandome em huma
[13]
irmida qde huma quinta q tem os frades grasia
[14]
nos de s aguostinho em algdeia gualegua donde sou
[15]
natural a hum frade desta mesma ordem o qual mora
[16]
va neste tempo nesta mesma quinta o qual religuio
[17]
zo se chama fr matias pereira natural da vi
[18]
la de alcouchete sendo eu de de idade de vimte annos
[19]
e confesandome a este confesor q aqui declaro em
[20]
confisionario sem devizam por não se ofereser ou
[21]
tro comodo o dito meu confesor deixandose esqueser
[22]
de sua obriguasão do estado e do lugar santo e sagra
[23]
do no mesmo auto sacramental e munto contra minha
[24]
vontade e repunansia que fis quanto dava hũm lu
[25]
gar publico ele afagandome tentado do seu torpe
[26]
apetite me tomou as minhas mãos entre as suas e
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forsejandomas mas pos em as suas partes humanas
[28]
e lasivas e satisfes seu danado apetite sem eu me po
[29]
der livrar de sua torpe violensia por aver na dita
[30]
irmida gente q poderia entender alguma couza
[31]
contra minha opinião estado e calidade e como mini
[32]
na me foi forsado consentir em tal e tão torpe delito
[33]
mto pezar do meu corasão este foi o cazo
[34]
[35]
e dando conta dele ao meu confesor ele me aconselhou devia
[36]
de dar conta a Vmes por ser materia tocante ao s ofisio

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