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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1642. Carta de Cristóvão Leitão de Abreu, ouvidor-geral, para [António de Faria Machado], conselheiro do Vice-Rei da Índia.

Autor(es)

Cristóvão Leitão de Abreu      

Destinatário(s)

António de Faria Machado                        

Resumo

O autor conta a um membro do Santo Ofício, seu amigo, que está injustamente preso. Pede-lhe que verifique como as suas razões são verdadeiras.
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[1]
Quis Andre furtado cazar com a fa de Bernardo cardozo home
[2]
rico e grave, e tambem quis cazar com ella frco lobo da gama que
[3]
he sobrinho do Pe Hieronimo lobo da compa fidalgo e a quem lhe
[4]
tenho grandes obrigacois favoreci Eu a frco lobo e o abonei
[5]
por quem elle hera e porq ouvi dizer por causa desta que
[6]
o Andre furtado hera christão novo e que tinha fugido
[7]
de Sevilha não quis darlhe hũa certidão que me pedio
[8]
de como hera fidalgo illustre com o que se sahio de caza
[9]
desemuladamte e se foi a ser camarada de João de Saa q he
[10]
sobrinho de meu grande inimigo Bto de sáa o qual estava
[11]
com outro meu grande inimigo João gomes de lemos João gomes de lemos he meu
[12]
inimigo porq achandoo hũa noite as onze horas e descobrin
[13]
doo me zancou disimulei e
[14]
despedi a gente com q vinha e
[15]
tornei so com hũa espada e lhe
[16]
mandei puxar pella espada q
[17]
ja não hera ouvidor geral
[18]
e o mesmo lhe fes juis ordina
[19]
rio a quem eu contei isto outra noite Reinal Miguel godinho me zancou
[20]
e eu o desatorisey hũa noite
[21]
e outra ves o mandei chamar
[22]
e o tratei mto mal de palavras
[23]
e com mta resão ficou meu imigo
[24]
e todos juntos se conjurarão contra my em caza de Anto da mota
[25]
fo de Anto da mota e em caza de D Anto d almeida Dom Anto d almeida he meu
[26]
imigo por lhe mandar pagar
[27]
o alo alugel das casas a mtos
[28]
meses ou q logo despejase e chamarão
[29]
a Miguel godinho touro etiam meu inimigo e com Do de Sousa
[30]
cazado em S Thome etiam meu imigo. e cometeuse o negoceo
[31]
a João de saa o qual foi denunciar ao Pe vgo geral q Andre fur
[32]
tado disera q eu o cometera ou o q elle mais quisese referio
[33]
nos sobreditos em Marcos de pino etiam de sua parselidade
[34]
Marcos de pino he meu imigo
[35]
por lhe prender e a seu camarada
[36]
fulano gereiros e tambem me diserão que referira em criado de Anto da
[37]
mota q Vinha requerer por Luis de macedo perante my a
[38]
quem Eu tambem prendi O criado de luis de macedo me diserão agora aqui q se chama
[39]
Lucas he rapazete. Isto foi o que Eu pude alcansar
[40]
Dom Phelipe soube deste negoçeo primeiro q eu por Via
[41]
do captam mor Anto do Amaral e chamou a Andre furtado
[42]
e apertadisimamte soube delle toda a verdade q hera não aver
[43]
tal cousa e me mandou chamar e deu conta de tudo do que
[44]
Eu me vi mto todavia chamei o Andre furtado e perante
[45]
mtas pecoas jurou e affirmou q João de saa lhe pedira que
[46]
jurase falso contra mi e indo pa Negumbo me mandou
[47]
escrito de sua letra em q por descargo de sua consiensia
[48]
desia tudo isto e com juramto o affirmava o qual escrito eu ad
[49]
maiorem cautellam mandei justificar perante o mesmo Andre
[50]
furtado e dous escrivais e outras muitas testemunhas.
[51]
[52]
O q digo tudo he verdade tudo he publico notorio e manifesto
[53]
em todo Columbo o qual todo esta esperando pello grande castigo
[54]
e exemplo q esse tribunal ha de fazer no Pe vgo geral. Isto foi publico et testis
[55]
Denis Senhor saiba Vm q derão ao dto Pe vgo gl dous mil veneseanos que
[56]
foi o pro dro com q me cometerão pella Nao de Meca e tambem derão
[57]
quinhentos ao escrivão d alsada e depois me cometerão com mais
[58]
mil e se eu admitira a conversasão ouveram de dar des mil veneseanos
[59]
mas Vm me tem a culpa de eu não aceitar q meu amigo D Ph
[60]
me disse que tomasse tudo e fisese justisa o que eu me não atrevi
[61]
nẽ atreverei nunca porq não sei nẽ soube nunca ser traidor.
[62]
Advirto sobretudo a Vm
[63]
q não he justo q
[64]
se de credito
[65]
ao que se disser de mi depois
[66]
de minha prisão todo o povo e D Ph me tinhão por o mais limpo de maos e pello
[67]
maior letrado q Nũca passou a India pasmavão de minha inteiresa
[68]
e de minha verdade admiravãosse de minhas sentencas e de minhas
[69]
audiencias não quero ir por diante porq la deve Vm de ter larga
[70]
notisia e o sor V Rei do meu admiravel procedimento posso affirmar
[71]
a Vm q não foi meu Pai mais inteiro nẽ limpo de maos seja Ds Louvado
[72]
bem e bem desempenhei a Vm? Mas q monta nem q me aproveita
[73]
se estou preso pello s offo com os mais crueis machos q nunca se
[74]
virão ja quasi de todo aleijado das pernas porq mos não quer tirar
[75]
o capitão.

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