O autor pede conselho ao destinatário em relação a umas confissões que tem ouvido a uma mulher que parece estar possuída do demónio.
[1] | tal sogeito a sua caza, e sem a sua gente entender o q he,
porq a
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[2] | tem por assombrada, e cuida, e tambem os mais q lhe vou ler exor-
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[3] | cismos etc outras vezes vem ella ainda No q toca os pac-
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[4] | tos
q de novo lhe lembrarão mandeme Vmce dizer se basta q fi-
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[5] | quem assim sem ser nro declarar algũas pessoas com quem tocão
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[6] | tais pactos
como a da mer entende e assim me parece plo modo
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[7] | q me dis se fazia isto, e como ja forão as tais pessoas denunciadas
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[8] | por culpas
semilhtes e não sabem por q modo erão constrangidas
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[9] | a peccar, dis a tal mer lhe conselhavão os confesores não falasse nisso
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[10] | salvo ouvesse pessoas
diversas, modo de peccar diverso etc e assim dis
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[11] | q tem passado mtas confissois, e se ouver de tornar a dar conta disto
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[12] | serlheha mui custozo e talvés
nocivo. sobre isto peço reposta em
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[13] | forma q lha possa mostrar; só me fallou em hũa criança en-
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[14] | tre as mtas q se matarão pa os Rios, das
quais tenho algúns em meu
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[15] | poder pa se queimarem, pa a morte da qual concorreo a Marianna
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[16] | e outras pessoas, dis q não sabe q as tais
pessoas q matavão as crianças
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[17] | q as cozião, e queimavão, por mando do demo q ali assistia em
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[18] | figura de homem, erão
sabedoras q aquillo era pa veneficios e por
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[19] | mando do mesmo demo he mto de prezumir q assim fosse,
emqto
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[20] | á Marianna não tenho duvida, nem tão pouco em q seja hũa gde
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[21] | bruxa e por isso eu ja a Vmce toquei q tomara
apanhala em hũa
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[22] | por modo q contra ella se podesse proceder, e em algũas destas mor-
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[23] | tes das crianças he q eu a esperava, se ouvesse dos mais assisten-
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[24] | tes
algú q contra ella depuzesse álem da Roza, porem esta me
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[25] | disse despois q todas estas diabruras das tais mortes estavão denunci-
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[26] | adas, e perguntandolhe eu
qtas serião, disseme q das q ella sabia serião
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[27] | serião dés ou doze, se Vmce me poder mandar dizer se
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[28] | lá fautas, e se está lá algũa em q entre a da Marianna e hú
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[29] | clerigo q creio era pai da criança q então se chacinou, e
não sei
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[30] | se parente da mesma Roza, segundo minha lembra porq se acazo
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[31] | por este meio, ou plo depoimto do tal clerigo, ou por outro
semilhte
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[32] | se podesse achar porva pa se prender a da Marianna, nesta he q
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[33] | está todo o segredo deste nego e esta he a
q havia de dezembru-
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[34] | lhar a meada, se lá ouvesse meio com q a obrigassem a fallar
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[35] | a verde e de outra sorte suponho q nada se fará.
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