O autor pede ao destinatário a remessa de papel de carta, o qual escasseia em Lisboa, sobretudo o das cartas de amor. Dá notícias do país e revela-se saudoso de Inglaterra.
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Illmo e Exmo Snr
V Excia tera estranhado o meu silencio: mas elle tem
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[2] | sido de propozito: e igualmente por falta d' assumpto.
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[3] | Confiado no
caracter de V E que corresponde á idéa que eu
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[4] | formava antes de têr a honra de o conhecer, vou pedirlhe hum
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[5] | favor: na
esperança, de que V E náo duvidará de o fazer:
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[6] | pois que, n'esta minha confiança vê V E que eu
pago hum
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[7] | tributo á sua generozidade.
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[8] | V E sabe, que aqui para tudo sêr coherente, tudo he porcaria,
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[9] | (cortejo inseparavel da patetice) e assim lhe pesso hum pouco
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[10] | de papel de quarto para cartas: e n'elle participarei a V E
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[11] | o que
aqui observar digno d' atenção: e juntamente d' outro
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[12] | papel que he a metade deste para bilhetes amorozos:
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[13] | tenho huns amores finos, que merécem
papel fino.
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[14] | Se V E achar algum Livrinho Francez, d'este genero amoro-
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[15] | zo, e sentimental ficarei por elle seu fiel cativo:
e espéro da
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[16] | sua galantaria, alguma coiza frivola, mas esquezita que
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[17] | eu possa fazer prezente ao meu bem.
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[19] | eu
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