Resumo | O autor, acusado de blasfémia, escreve texto em que se justifica e confessa. |
Autor(es) |
António Pereira de Sousa
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Destinatário(s) |
Anónimo116
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De |
Portugal, Tomar, Abrantes |
Para |
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Contexto | Processo relativo a António Pereira de Sousa, natural de Abrantes, preso pela Inquisição de Lisboa por crime de blasfémia. Perante a Inquisição, o réu declarou ser naturalmente colérico, especialmente nas 'conjunções' das luas, devido a umas feridas que tinha na cabeça, e justificou ter blasfemado contra Deus por ser vítima de perseguição por parte de um Padre Álvaro, seu cunhado. Saiu em liberdade depois de pagar uma fiança de 100 cruzados e ser admoestado. |
Suporte
| meia folha de papel escrita no rosto. |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística
| Processo 282 |
Fólios
| 11r |
Socio-Historical Keywords
| Catarina Magro |
Transcrição
| Mariana Gomes |
Modernização
| Catarina Magro |
Data da transcrição | 2008 |
[1] | dito
allgũhas cousas mall soantes a fée catollica como era
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[2] | que paresia não aver deos
pois não quastigava allvaro
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[3] | frade meu inomiguo pollas sem rezois e avexasois q de ordi
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[4] | nario me
faz as quais me tem cõcomido quasi toda ha
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[5] | ha minha fazenda e asi mais que eu
disera pera hũ
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[6] | dehabollo de noso sõr que se assi como estava alli pinta
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[7] | do
estivera em carne que lhe ouvera de meter dous pillares
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[8] | tão bem porque não
castiguava este homẽ das quais cusas
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[9] | segumdo deos minha llembramsa em nenhũ
modo me
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[10] | llembro por quãoto não tenho memoria allgũa primsi
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[11] | pallmente
despois que me derão duas pedradas na
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[12] | cabesa avera dous annos pouquo mais ou
menos
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[13] | da quall fiquei tall que as lluas simto quise de
todo
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[14] | perdido o juizo o que são me parese que dise hũa
ves
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[15] | não que me afirme de todo he que se asi como deos
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[16] | era deos fora
ea homẽ que lhe ouvera de tirar ha
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[17] | espemgarda ou que me
ouvera de emtemder co elle
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[18] | por não castiguar hũ tão mauo homẽ como allvaro
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[19] |
frade he que tãotos malles mime tinha feitos e fazia
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[20] | e
tão bem me parese q dise que se pudera tirar a deos
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[21] | a espinguarda
que o ouvera de fazer por me fazer
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[22] | tão parvo das quais cousas asi ditas de que
tenho
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[23] | allgũa llembramsa como dise outras que dise q dise he
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[24] | the outras muitas que podiria
dizer cõ vera de allvaro
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[25] | frade por me ver destroido delle e
avexado e ver q me
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[26] | tem llevado a minha fazemda emjustamente eu
me
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[27] | acuso como filho obidiemte da sãota madre igreja
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[28] | e como christão velho
que sou de pai e mãi sem demora
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[29] | allgũa estou prestes
pera me acusar de tudo o mais
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[30] | que me vier a memoria na fee de como
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[31] | bom christão velho que sempre fui e sou
professo
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[32] |
na sua samta fee catollica
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[33] |
Anto
pera de sousa
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