O autor, residente no Cairo, dá cabais informações ao embaixador português em Roma: refere-se longamente a assuntos de política, viagens, comércio e relações pessoais.
[1] | e açerqua das cousas de suez não há q de novo lhe
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[2] | (como digo) tudo ali está em calma/ aqui no cairo faz e te
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[3] | nho entendido avera pera se poderem armar xxb galés/
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[4] | A madra de q avisado tenho ser vindo em quatro naos hé já toda
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[5] | vinda d Alexandria aqui e os nossos portuguezes passarão os dias
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[6] | passados o tempo em trazer as costas da borda do nillo a hũa terra
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[7] | çena q perto está onde se poem em pilha, he antre elle remos mais
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[8] | de mill//
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Tanto q Anrrique da gama aqui chegou compeçou logo a mostrarse a toda
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[10] | sorte d homẽ crendo q po esta via lhe viria a salvação/ e foi isto tão desor
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[11] | denadamte q vendo eu os dãnos q daqui lhe poderião vir lhe fiz por hũ
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[12] | portuguez desses cativos amigo meu entender quã errado caminho
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[13] | levava pa poder alcãsar o q tanto mostrava desejar e q soubesse
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[14] | çerto q nesta terã avia hũ homẽ mto particular servidor de vs e que
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[15] | por sua liberdade faria tudo o q fosse possivel/ a qual cousa seria
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[16] | mto façil se elle de sua parte puzesse hũa pouca de paçiençia somte
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[17] | e q çedo por carta de vs veria a çerteza do q lhe dezia/ ficou elle
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[18] | algũ tanto acquietado com esta esperança e ao seu servidor es
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[19] | creveo hũa carta e nella me dava conta de suas cousas e me roga
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[20] | va quisesse verme cõ elle/ não quis eu nesta parte fazerlhe serviço
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[21] | vendo quã rota a fama de sua fugida entre judeus andava mas não
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[22] | deixei de o fazer cõçolar o milhor q pude dandolhe a causa por q
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[23] | ao tempo se não podia por em obra o q eu po elle desejava fazer/
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[24] | passou algũs dias cõ esta esperança e vendo q o q eu lhe dezia se dillatava
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[25] | mais do q elle qria tornou de novo a matarme com recados vão e
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[26] | recados vẽ, e poderão tanto os descõçertos q nesta partida fez q temẽ
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[27] | do eu hũ mais grave quis cair em hũ não peqeno erro e deter
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[28] | minei verme cõ elle e antre as mais cousas q cõ elle passei
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[29] | lhe pedi se lembrasse de quẽ era e q pois nosso señor o avia tra
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[30] | zido a tal estado soubesse elle averse como homẽ prudente e maduro
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[31] | e não como mãcebo na qual cõta o tinhão os q de seus descõcertos sa
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[32] | bião prometendolhe por sua liberdade fazer o q por minha propia
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[33] | pessoa deveria cõ outras pallavras cõ q elle devera ficar satisfeito, mas
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[34] | não quis minha vẽtura e triste sorte q isto lhe podesse persuadir
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[35] | mas queria (sem ponderar o perigo em q todos encorriamos) se puze
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[36] | sem logo em execução çertos conçeptos (ou por milhor dizer) sonhos
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[37] | seus/ mas como nosso señor nos maiores trabalhos se ache
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[38] | quis por sua bondade infinita socorrernos cõ a carta de vs
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