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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1701. Carta de António da Costa Salgado, doutor, para o seu cunhado, Domingos de Bessa, cabo de esquadra da companhia de Damião de Oliveira.

ResumoO autor tranquiliza o seu cunhado em relação ao paradeiro da sua mulher, uma vez que esta se encontrava em casa de familiares após a viagem deste.
Autor(es) António da Costa Salgado
Destinatário(s) Domingos de Bessa            
De Portugal, Lisboa
Para América, Brasil, Rio de Janeiro
Contexto

Este processo diz respeito a Domingos de Bessa, de 25 anos, acusado de bigamia. Sendo já casado com Benedita Francisca, filha de Fernão Vieira (pedreiro) e de Domingas Francisca, e estando esta viva, o réu contraiu matrimónio com Vicência Ferreira, filha de André Álvares Moreira e de Isabel da Fonseca, na igreja e freguesia de São José, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Foi, por isso, preso com sequestro de bens a 15 de novembro de 1701 e condenado em auto-da-fé de 9 de dezembro do mesmo ano a abjuração de leve, penitências espirituais e pagamento de custas.

O réu, a residir em Lisboa, foi enviado para o Brasil por ter sido mandado prender pelo Duque de Cadaval e, segundo o seu testemunho, não confessara à mulher, com quem estava casado há um ano, o motivo pelo qual se ausentava para terras brasileiras, tendo ela ficado a viver em casa de uma irmã do Doutor António da Costa Salgado, casada com João Simão Dapolioni, italiano, morador na Rua Nova ao Chafariz de Dentro, em Lisboa. O réu tinha um filho da primeira mulher, mas à altura da sua prisão não tinha nenhum com a segunda.

Consta também do processo que Benedita Francisca morrera a 9 de maio de 1701 e, no testemunho do réu, é referido que este não tinha intenção de casar-se uma segunda vez. Mas, tendo-se envolvido fisicamente com Vicência Ferreira, em troca de uma promessa de casamento, um irmão da mesma, sacerdote do hábito de S. Pedro, queixou-se à Justiça, obrigando-o a efetivamente casar com ela.

A carta transcrita foi entregue à Inquisição por José de Amaral, negociante. Este, que mantinha correspondência com o Doutor António da Costa Salgado, autor da carta, recebeu-a por engano, porque seguia em seu nome. Lendo o conteúdo da mesma, achou que devia denunciar Domingos de Bessa por ser casado em Lisboa e também no Rio de Janeiro, local onde o denunciante morava.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita no rosto do primeiro fólio e no rosto da segunda.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 942
Fólios 5r-6r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300826
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 5r > 5v

[1]
10 de Janro Snr Dos de Vessa
[2]
[3]
Lxa 12 de Fevro de 1701

Recebi tres cartas de VM todas

[4]
feitas do mes de Junho do anno pro-
[5]
ximo passado e ainda q sabia
[6]
por avizo do Porto q Vmce se tinha
[7]
embarcado pa essa cde; contudo sem-
[8]
pre, como quem lhe he tão affeiçoado,
[9]
estimey ouvir noticias de VM
[10]
e q chegasse, e ficasse com saude, q
[11]
Ds lhe conserve por muitos annos
[12]
pa q em poucos nos venha dar o gosto
[13]
de o ver melhorado de fortuna
[14]
eu fico com alguã falta de saude
[15]
porem ya melhorado, e por esta
[16]
cauza me não alargarei tanto
[17]
quanto quizera meu Pay també
[18]
fica de Saude e so minha Irman
[19]
esteve mto doente e meu cunhado
[20]
porem ambos melhorarão
[21]
Não estranhei a VM a rezolu-
[22]
são q tomou porq emfim quis
[23]
tratar de mudar de fortuna
[24]
porem somte comigo condenei
[25]
o modo com q se embarcou
[26]
deixando a sua mer com tão
[27]
grande cuidado como esteve
[28]
athe q se dezenganou, nella
[29]
não tenha VM Cuidado

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